Entendendo o transtorno bipolar

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Imagine navegar em um oceano onde as ondas oscilam entre calmas e tranquilas para tempestades turbulentas e sem aviso. Assim é a jornada diária no cérebro de uma pessoa com transtorno bipolar. Vamos entender um pouco neste artigo do que a ciência sabe sobre o que acontece no cérebro de uma pessoa que sofre de transtorno bipolar

O que é o Transtorno Bipolar?

O transtorno bipolar, conforme definido pelo DSM (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), é caracterizado por uma mudança significativa no humor e na atividade, oscilando entre dois extremos, ou seja, episódios de mania ou episódios de depressão. Durante a fase maníaca, a pessoa pode experimentar um aumento de energia, euforia, pensamentos acelerados, uma diminuição de sono, ela se sente com uma grande vontade de fazer diferentes atividades. Já na fase depressiva, a pessoa tem sentimentos de tristeza profunda, falta de energia, alterações no apetite e até mesmo pensamentos suicidas, ela não sente vontade de fazer qualquer atividade.

Essas oscilações de humor que a pessoa vivencia podem ser bastante extremas em alguns casos, e até mesmo imprevisíveis, o que torna o transtorno bipolar um grande desafio para ser enfrentado para familiares e amigos em sua volta É muito importante compreender o que acontece no cérebro durante cada uma das fases e entender de como vem cada uma delas, e isso tanto o paciente poder desenvolver estratégias para se manter estável como também para desenvolver tratamentos.

Em muitos estudos é indicado que o transtorno bipolar afeta cerca de 1% a 2% da população mundial. No Brasil, a prevalência é semelhante à média mundial, com estudo apontando que 1,5% da população brasileira pode ser afetada por esse transtorno.

Entendendo o transtorno bipolar

O papel da genética, do ambiente e fatores psicossociais é muito importante para entender o transtorno bipolar. Evidências apontam que há uma herdabilidade de 70% a 80% nos casos de transtorno bipolar, ou seja, isso significa que das vezes que uma pessoa tem o diagnóstico, alguém muito próximo, como um pai, filho ou irmão também terá o diagnóstico. Em estudos do genoma, porém, ainda não identificaram genes específicos que expliquem de forma cala as alterações de comportamentos e de humor no transtorno bipolar. Os diferentes fatores como estresse, problemas familiares, dificuldades em relacionamento ou no trabalho podem desencadear diferentes episódios como maníaco ou depressivo em pessoas predispostas geneticamente.

Um ponto interessante de observar, é que, tem sido identificado em diferentes estudos a alteração nos níveis de neutrofinas no cérebro, essas moléculas são muito importante para o funcionamento correto do cérebro. Especificamente, há uma diminuição nos níveis do Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro (BDNF) em pessoas com transtorno bipolar. O BDNF é muito importante para a manutenção cerebral, ele promove a homeostase neuronal, e sobrevivência dessas células. Em estudos tem mostrado que a utilização de estabilizadores de humor tem aumentado o BDNF e assim contribuindo para melhoria em muitos pacientes. Isso sugere que uma parte das alterações de humor está relacionado com um desequilíbrio nos níveis de neutrofinas no cérebro.

Outro ponto fundamental no cérebro de uma pessoa bipolar é a alteração do ritmo circadiano. O ritmo circadiano refere-se ao ciclo biológico natural de aproximadamente 24 horas que regula muitas funções fisiológicas do corpo humano. Este ritmo influencia processos como o ciclo sono-vigília, a regulação da temperatura corporal, a secreção de hormônios, o metabolismo e até o comportamento. Em alterações de sono, por exemplo, as funções cerebrais podem se alterar, e pacientes com transtorno bipolar tem alterações no ciclo de sono e vigília no ritmo circadiano. Umas das principais alterações são quando a pessoa pode começar a sentir sono mais tarde e acordar mais tarde também, ou também ela pode sentir sono durante o dia. Durante episódios maníacos é comum que se tenha uma diminuição na necessidade de sono, enquanto na fase depressiva pode haver uma grande necessidade de dormir por longos períodos.

Outro ponto que estudos tem demonstrado é que a mudança na forma como diferentes partes do cérebro se comunicam pode influenciar nas manifestações dos diferentes episódios. No sistema límbico, que lida com nossas emoções e memórias estão a amígdala, o hipocampo, e a ínsula. A amígdala ajuda a processar emoções como medo, o hipocampo é importante para formar nossas memórias, e a ínsula percebe o estado interno do corpo e emoções. No córtex pré-frontal, responsável pelo planejamento, tomada de decisões e controle sobre comportamentos que regula nossas emoções, em pessoas com transtorno bipolar, essas áreas do cérebro não se comunicam bem entre si, causando problemas nos processamentos de emoções e no controle de comportamento

Durante a fase depressiva do transtorno bipolar, a pessoa pode ter mais pensamentos negativos e sentimentos profundos de tristeza, pois a amígdala e o hipocampo funcionam de maneira que reforçam essas emoções negativas. As dificuldades em planejar e tomar decisões é resultado do córtex pré-frontal não funcionar devidamente correto. Na fase maníaca, a pessoa pode se sentir extremamente animada e impulsiva devido à amígdala enviar sinais de euforia e prazer de forma exagerada, e o córtex pré-frontal ter dificuldades para controlar esse comportamento, levando a ações impulsivas e até irritabilidade. Essas mudanças no cérebro explicam por que as pessoas com transtorno bipolar experimentam oscilações tão intensas de humor.

Considerações finais

O transtorno bipolar é uma condição muito complexa que envolve mudanças significativas no humor e na atividade, influenciado por diferentes fatores, sejam ele genéticos, ambientais ou sociais. A neurociência tem avançado no entendimento dessa condição, mas ainda há muito a ser descoberto. Pesquisas continuarão a se desenvolver para entender melhor essa condição. Se você tem interesse por este tema, faça uma pesquisa na internet sobre ele, e não deixe de consultar as referências como complemento.


Referências:

Transtorno bipolar afeta 140 milhões de pessoas no mundo e tem difícil diagnóstico: https://jornal.usp.br/radio-usp/transtorno-bipolar-afeta-140-milhoes-de-pessoas-no-mundo-e-tem-dificil-diagnostico/

Fator neurotrófico derivado do cérebro: https://pt.wikipedia.org/wiki/Fator_neurotr%C3%B3fico_derivado_do_c%C3%A9rebro

Neurotrofina: https://pt.wikipedia.org/wiki/Neurotrofina

 Fatores genéticos e ambientais na manifestação do transtorno bipolar: https://www.scielo.br/j/rpc/a/DCqstVXbfKrJnSqQFxmvjmw/


Os dados pessoais e sua importância

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Manipular o comportamento humano usando informações sobre as pessoas é uma prática bem antiga. Do ponto de vista da psicologia, essa manipulação pode ser entendida como a habilidade de compreender o indivíduo, seus gostos e interesses, a fim de gerar estímulos e respostas que influenciem suas ações. Em outras palavras, utilizam-se certos estímulos para fazer com que o indivíduo manifeste um comportamento determinado Nesse contexto, podemos perceber a capacidade de prever e controlar o comportamento dos outros com base nas informações coletadas, bem como nas ações e reações que podem surgir.

Uma das estratégias para influenciar o comportamento de um indivíduo em benefício próprio é o engano, utilizando algum tipo de estímulo, seja através de uma conversa ou criando uma situação, para induzir uma resposta específica que o enganador deseja. Os humanos, como animais sociais, frequentemente recorrem à enganação como uma estratégia para alcançar um ganho específico.

O incidente envolvendo a Cambridge Analytica é um exemplo contemporâneo de como informações pessoais, ambiente e histórico de cada indivíduo podem ser utilizadas para manipular o comportamento em grande escala. A empresa coletou dados de aproximadamente 50 milhões de usuários do Facebook e os usou para criar estímulos personalizados que influenciavam eleitores e consumidores em favor de seus clientes.

Esse incidente evidencia a eficácia da manipulação comportamental através de dados pessoais. A Cambridge Analytica não apenas utilizou informações básicas, mas também explorou preferências, interesses e emoções para criar campanhas altamente personalizadas e persuasivas, que modificavam o comportamento dos usuários de forma significativa.

O caso levantou questões éticas e legais sobre privacidade e consentimento, já que a maioria das informações coletadas pela Cambridge Analytica estavam públicas no Facebook. Muitas pessoas não sabiam que suas informações estavam sendo usadas dessa maneira, o que gerou um debate sobre a necessidade de regulamentações mais rigorosas para proteger os dados pessoais e garantir a segurança do uso de informações pelas empresas. Mas será que existe uma segurança real que garanta que os dados pessoais possam estar longe dos interesses de grandes corporações?

Esse evento também aumentou o interesse sobre privacidade e segurança de dados. Muitos usuários começaram a ser mais cautelosos ao compartilhar informações pessoais em redes sociais, conscientes de que essas informações poderiam ser usadas por outras empresas além da Cambridge Analytica. E além de mais, as empresas começaram a oferecer garantias de "privacidade de dados" aos seus usuários. Mas será que essas garantias são reais? Atualmente, o marketing mais utilizado pelas empresas para atrair usuários para suas plataformas é a promessa de "garantia de privacidade".

Não se pode esperar muito das garantias de privacidade oferecidas por essas empresas, pois os dados dos usuários são informações valiosas e essenciais para obter lucro, como mencionado por Mark Zuckerberg em depoimento ao Senado dos EUA. O Facebook precisa dos dados de seus usuários para entender seu comportamento e estimulá-los a comprar produtos oferecidos pelas empresas que pagam ao Facebook para isso.

Acredito que este incidente destacou a importância da privacidade dos dados na Era digital, mas ainda poucas pessoas compreendem realmente a extensão de como suas informações podem ser usadas. É fundamental entender como as empresas podem utilizar essas informações para tentar moldar o comportamento do indivíduo, mesmo que ele não perceba isso diretamente. A tecnologia pode nos ajudar em muitos casos, mas também pode ser um perigo nas mãos daqueles que buscam obter lucro. É imprescindível ser cauteloso nesse contexto.


Reflexão sobre os impactos da tecnologia no comportamento

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Se acreditarmos nas reportagens na qual lemos, a tecnologia está tendo um grande impacto em nosso comportamento social, e de fato podemos estar caminhando para um grande problema no futuro. Algumas pesquisas têm mostrado que nossos cérebros são maleáveis, mas como os dados ainda não avançaram consideravelmente, não mostra um entendimento profundo de como a tecnologia tem afetado nosso comportamento. Todo o conteúdo que as empresas de tecnologia nos mostra pode influenciar nossa percepção, e no geral influenciar nosso comportamento social.

Avanços tecnológicos e transformações sociais

Os avanços da tecnologia nas últimas décadas transformou a sociedade, seu impacto entre nós, como indivíduos, não é tão claro. Temos algumas histórias com a tecnologia, antes da chegada dos smartphones na maioria das vezes apenas usávamos para atender chamadas ou olhar mensagens de texto SMS quando era enviado, poucas vezes tínhamos alguns “aplicativos” neles ou alguns joguinhos para passar o tempo, depois que foram surgindo o iPhone e os primeiros smartphones tudo começou a mudar. Recebemos chamadas, mensagens, e começamos a instalar todos os tipos de aplicativos, jogos e muito mais. Qualquer notificação do celular, mesmo em uma conversa formal, estamos prontos para pegar o celular. Se antigamente apenas olhávamos o celular para atender ligações, hoje vivemos com eles, e são partes de nós. E alguns nunca conheceram a vida sem ele.

A geração da internet dos anos 90 é a nascida em meados dos anos 80 ou 90, que viveram em princípio com a internet no computador, ela não conheceu a internet através do celular. E muitos ainda tinham que entrar em lan houses para poder utilizá-la, fazer pesquisar ou até mesmo conversar em bate-papo. Com os avanços da tecnologia, computadores passaram a acompanhar todos nós, e a evolução foi constante, e muitas vezes foram sendo substituídos pelos laptops ou notebooks e por fim os celulares modernos, chamados de smartphones. Quase não existe mais necessidade de usar o computador para as tarefas antigas, o celular de hoje é um mini computador e faz todas as tarefas que antigamente poderia ser feita apenas por computadores e eles fazem até mais que os antigos computadores. E podemos observar que em diferentes contextos que a tecnologia foi moldando o comportamento. A tecnologia hoje se tornou fundamental para tudo que se acontece, você pede comidas, faz compras, olha os mapas da sua rua, tudo isso através de seu celular.

Existem muitas acusações de que as redes sociais ou a tecnologia em geral nos dá uma certa dependências e causa prejuízos a nossa saúde mental. De fato, ao ver o impacto devastador que as redes sociais, por exemplo, criar bullying, preconceito, e outros problemas na saúde mental dos jovens, é difícil ver de outra forma. Dentro das redes sociais podem ter diferentes tipos de comportamento destrutivo, preconceituosos que podem ser devastadores para alguns. Todo o tipo de mídia, imagens, mensagens podem influenciar sua percepção e causar algum desconforto. E isso podendo refletir em vários aspectos mentais. Alguns cientistas argumentam que os dispositivos celulares promovem o isolamento social, enquanto podemos ter amigos online, isso prejudica nossos relacionamentos na realidade – pense em crianças, pais e parceiros usando seus telefones durante o jantar em vez de interagir uns com os outros.

Mas é claro, a tecnologia também tem impactos positivos nos comportamentos. O uso de celulares e da internet pode ajudar na organização de muitas tarefas do dia a dia, ajudar a gerenciar horários de exercícios e muito mais. Existem também aplicativos de celular que podem ajudar a ter melhores noites de sono e por ironia até evitar o uso constante de celulares. As redes sociais, bem filtrada, podem evitar os muitos conteúdos preconceituosos e devastadores. Outro fato importante é que as redes sociais podem também manter contato com familiares que estão longe, ou diminuir um pouco a sensação de solidão caso se sinta. Ela também possibilita projetos de estudo facilmente - apesar dos diferentes problemas em organizar melhor os estudos, ela teve um importante papel durante a pandemia.

A literatura acadêmica reconhece que tem falhas. Os estudos em ambientes experimentais ainda não tem estudos consistentes. É extremamente difícil descobrir se o uso das redes sociais causa, digamos, narcisismo ou se simplesmente as pessoas já são narcisistas e propensas a usar as redes sociais. Isso porque, hoje em dia, é muito difícil encontrar pessoas que nunca estiveram online – o que poderia ajudar muito nas pesquisas. Há uma literatura tímida e emergente que mostra como a realidade virtual pode mudar, até mesmo, comportamentos racistas. 

Considerações finais

Nossos cérebros são maleáveis, e a tecnologia progrediu a tal ponto que não sabemos realmente se ou como está nos mudando. Existem impactos positivos e negativos no comportamento, mas o campo é complexo e pouco pesquisado. É esperado que surjam mais pesquisas nessa importante área. Nossa sociedade em geral está sendo moldada por meio da tecnologia, a pesquisa nessa área se torna parte fundamental para sabermos que caminhos podem nos levar e os impactos que a tecnologia está construindo.



Referências

Bases Neurobiológicas das Redes Sociais: https://www.frontiersin.org/journals/psychology/articles/10.3389/fpsyg.2021.626337/full

Consequências para a saúde cerebral do uso da tecnologia digital: https://www.tandfonline.com/doi/full/10.31887/DCNS.2020.22.2/gsmall

Excesso do Que é Bom: Investigando a Associação entre o Uso Real de Smartphones e o Bem-Estar Individual: https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/10447318.2017.1349250

Neurociência Cognitiva

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Nos últimos anos a neurociência cognitiva surgiu como uma das disciplinas mais fascinantes e revolucionárias dentro das ciências. Ela combina a psicologia cognitiva e a neurociência para entender de como o cérebro processa informações e gera comportamentos complexos. Essa interação entre esses campos permitiu uma compreensão mais profunda dos mecanismos subjacentes em nossas capacidades mentais, desde a percepção, raciocínio, emoções, atenção e até a memória e de como essas funções são alteradas em condições psicológicas ou até mesmo biológicas. Este artigo vou procurar abordar de forma ampla a visão da neurociência cognitiva.

A jornada da neurociência cognitiva começou dentro da psicologia, já nas décadas de 1950 e 1960. E isso trouxe um foco renovado para entender os processos mentais como uma entidade que pode ser estudada cientificamente. No entanto, a verdadeira integração entre psicologia cognitiva e neurociência só ocorreu nas décadas seguintes com o advento da ressonância magnética funcional (fmRI) e a tomografia por emissão de pósitrons(PET). Ambas as ferramentas permitiram que os cientistas observassem a atividade cerebral em tempo real e entendesse de como os processos mentais se correlacionavam com diferentes regiões cerebrais distintas.

Um dos campos mais pesquisados dentro da neurociência cognitiva é o estudo da memória. Entender de como as memórias são formadas, processadas, armazenadas e recuperadas no cérebro tem uma grande importância para entender de como o cérebro pode formar os processos cognitivos, e isso contribuir para área de medicina e educação, em geral. As áreas do cérebro como os circuitos e certas regiões pode fazer nos entender de como doenças degenerativas como o Alzheimer ou Parkinson podem afetar o cérebro, e dá um grande caminho para desenvolvimento de novas terapias.

A neurociência também tem buscado um entendimento sobre a atenção e a percepção. A maneira como nosso cérebro pode filtrar e processar informações sensoriais para poder construir uma identidade do mundo ao redor é muito pesquisada. Muitos estudos têm demonstrado que diferentes tipos de atenção, como a atenção seletiva e a atenção dividida, que acionam partes distintas do cérebro. E isso reflete muito em uma compreensão de transtornos de atenção como TDAH, por exemplo, podendo criar intervenções terapêuticas eficazes.

A parte do cérebro, responsável pela tomada de decisão, raciocínio e emoções, é muito importante para entender como cada indivíduo pode se comportar em determinadas situações. Em estudos têm demonstrado que o córtex pré-frontal, córtex cingulado e amígdala desempenha um papel central nos processos racionais e emocionais e influenciando escolhas do indivíduo. Essas investigações contribuem muito para o entendimento teórico de como o comportamento podem surgir e contribuindo para contextos clínicos e educacionais.

Outro ponto importante na investigação da neurociência e contribui para o entendimento da cognição é a plasticidade cerebral, ela se refere a capacidade do cérebro de reorganizar em resposta a aprendizagem. Essa característica tem revelado de como cérebro se adapta e muda diante do desenvolvimento na infância ou também em lesões que possa sofrer. E muitos estudos têm buscado entender como a reabilitação cognitiva e a estimulação neural, podem promover a recuperação de funções em casos de lesões cerebrais e doenças neurodegenerativas.

A investigação sobre a neurociência da consciência é, talvez, uma das áreas mais enigmáticas e controversas. O estudo de como a consciência emerge e se cria em cada indivíduo envolve grandes questões tanto científicas como filosóficas. Nas abordagens recentes de pesquisa, é utilizado técnicas de imagem cerebral para explorar e correlacionar tanto as partes do cérebro como a que se acredita "consciência", identificando padrões de atividade que correspondem a estados conscientes. Esse campo de estudo tem se demonstrado promissor para entender de como podem funcionar estados alterados de consciência.

No geral a neurociência cognitiva está na vanguarda das pesquisas de ciências, é ela que tenta desvendar os "mistérios da mente" Suas descobertas tem ampliado nossa compreensão tanto sobre as diferentes sensações que o ser humano vivencia. O cérebro é uma ferramenta bem desenvolvida e muito importante para o ser humano, e de maneira como exploramos e entendemos de cada processo abrimos grandes portas para tratamento de doenças, na melhoria da educação e muito mais. E esse futuro que a neurociência cognitiva está se abrindo pode nos oferecer um grande conhecimento dos mistérios do ser humano.


Referências:

Cognitive neuroscience https://en.wikipedia.org/wiki/Cognitive_neuroscience

PET/MRI for Neurological Applications: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3806202/

Cognitive neuroscience perspective on memory: overview and summary: https://www.frontiersin.org/journals/human-neuroscience/articles/10.3389/fnhum.2023.1217093/full

Executive control and decision-making in the prefrontal cortex: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2352154614000278

Understanding Emotions: Origins and Roles of the Amygdala: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8228195/

Plasticidade neural de desenvolvimento e aprendizagem: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6871182/

 Brain plasticity and cognitive neurorehabilitation: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/21563013/

Neuroscience of Consciousness: An overview https://academic.oup.com/nc/article/2023/1/niad009/7117487

 Neuroimaging of Consciousness: https://link.springer.com/book/10.1007/978-3-642-37580-4

 

Dependências, vícios e a neurobiologia

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As diferentes possibilidades em que cada um se encontra é algo bem interessante de analisar. Existem muitas necessidades e hábitos que desenvolvemos ao longo de nossa vida e algumas delas podem nos dar satisfação ou até receios. Por exemplo, você acorda e toma seu café para obter energia durante o dia, seu cérebro fica saciado com a cafeína e te proporciona estímulos para enfrentar o dia. Quando o efeito acaba, você sente vontade de tomar mais uma xícara. Em outro caso, durante a noite, em uma comemoração, surge o desejo de beber álcool e para comemorar esta sua vontade você toma um pouco e a satisfação que te proporciona é muito boa. E isso com o  tempo podendo se tornar um hábito, tanto o café como bebidas alcoólicas.

Avanços recentes na neurociência têm proporcionado uma compreensão mais profunda das mudanças neurobiológicas que ocorrem em nosso cérebro assim que criamos dependências ou até mesmo vícios. Estudos têm revelado que a transição entre hábitos para a dependência envolve alterações em circuitos cerebrais específicos, como os gânglios da base cerebral, a amígdala estendida e o córtex pré-frontal. Essas descobertas têm demonstrado serem muito importantes para dar clareza de como o cérebro se comporta diante de vícios e também para desenvolver estratégias e tratamento e particularmente em populações vulneráveis, como adolescentes e jovens adultos. Vamos entender como surgem alguns vícios e os processos neurobiológicos que ocorrem no cérebro.

Os processos 

A dependência de substâncias envolve profundas mudanças neurobiológicas que transformam o uso recreativo em compulsão. Estudos indicam que a transição para a dependência pode ser explicada através de estágios: intoxicação, abstinência e preocupação. Em cada estágio o cérebro vai se desenvolvendo e criando algumas conexões e a dependência vai refletindo no indivíduo.

Durante o processo de intoxicação, o uso da substância ativa o sistema de recompensa do cérebro, aumentando a liberação de dopamina e criando uma sensação de euforia. Com o uso repetido, ocorre uma adaptação que leva ao aumento do incentivo para continuar usando, tornando a substância extremamente desejada. O indivíduo começa a buscar a substância constantemente, refletindo adaptações nos circuitos cerebrais dos gânglios da base e do núcleo accumbens, que controlam os comportamentos de recompensa e motivação. Em muitos casos quando ocorre a adaptação o indivíduo vai buscando doses cada vez mais altas para se saciar.

Durante a abstinência, o indivíduo enfrenta uma diminuição na recompensa cerebral e um aumento nos sinais de estresse, contribuindo para sentimentos de disforia e desconforto. Este efeito pode ocorrer com várias substâncias, como café, tabaco e medicamentos. Esta fase é caracterizada por adaptações no sistema da amígdala, onde neurotransmissores relacionados ao estresse são liberados. A ativação prolongada desse sistema pode levar ao desenvolvimento de estados emocionais negativos, e reforçando a busca pela substância para aliviar a tensão. A diminuição dos circuitos de recompensa durante a abstinência pode aumentar a sensibilidade ao estresse, criando um ciclo vicioso de busca compulsiva pela substância.

No estágio de preocupação, o usuário experimenta uma preocupação constante com a obtenção e uso da substância, comprometendo sua capacidade de tomar decisões racionais. Ele fica preocupado em buscar a substância e que não falte para sentir seus efeitos e evitar a tensão que o corpo e o cérebro possam criar novamente. As adaptações neurobiológicas nesta fase envolvem principalmente o córtex pré-frontal, que é a parte para funções como controle de impulsos e tomada de decisões. A exposição constante a estas substâncias pode levar a uma diminuição na atividade do córtex pré-frontal, resultando em controle cognitivo reduzido. Ou seja, o indivíduo não consegue e não tem a capacidade de controle sobre as decisões e a disfunção contribui para decisões impulsivas e a incapacidade de resistir aos desejos pela substância, mesmo diante de consequências negativas.

O mecanismo de reforço negativo é central para a manutenção da dependência de substâncias. Esse processo envolve o alívio de estímulos aversivos, como os intensos sintomas de abstinência, que aumentam a busca pela substância. Durante a abstinência, o indivíduo enfrenta sintomas desagradáveis, incluindo ansiedade e desconforto físico, devido à diminuição da atividade nos circuitos de recompensa e ao aumento da ativação dos sistemas de estresse. A necessidade de evitar esses estados emocionais negativos torna-se um motivador poderoso para o uso contínuo da substância, se no início ele buscava a substância para ter prazer, atualmente ele passa a buscar a substância para evitar a dor da abstinência.

Os avanços na pesquisa sobre dependência têm demonstrado novas abordagens interessantes para entender e tratar essas condições complexas. As técnicas de imagem cerebral, como a ressonância magnética funcional (fMRI), têm revelado como diferentes áreas do cérebro se comunicam durante o uso de substâncias e a abstinência. Essas técnicas permitem observar com uma maior precisão as mudanças na atividade cerebral, oferecendo um entendimento sobre como os circuitos cerebrais envolvidos na dependência se comportam. Outras abordagens como a ontogenéticas e a quimiogenéticas têm permitido a manipulação da atividade neuronal de maneira precisa e identificando os papéis de cada circuito cerebral na regulação dos comportamentos dos indivíduos que sofrem de vícios e abstinência. E essas descobertas podem desenvolver algumas terapias muito eficazes para controlar os vícios e também ajudar a reduzir as recaídas.

Os marcadores neuronais também podem revelar predisposições individuais em dependências e o contribuir em tratamentos seja eles farmacológicos como medicamentos que possam gerenciar neurotransmissores específicos para o estresse durante a abstinência. E claro, a terapias comportamentais se tornam fundamentais com essas combinações farmacológicas para poder ter uma melhor eficácia no tratamento. Muitas outras estratégias podem ser usadas também em cada indivíduo para completar o tratamento.

Considerações finais

A neurobiologia tem avançado consideravelmente na identificação de cada parte do cérebro responsável pelo vício e abstinência, e nas mudanças neurobiológicas que neles ocorrem e também oferecendo uma base para estratégias de tratamento. Com os avanços da tecnologia os tratamentos estão cada dia mais melhores e isso tem se refletido em pacientes atualmente, mas ainda existem muitos desafios para serem enfrentados tanto por parte dos profissionais da área de saúde como para indivíduos que sofrem por vícios. Na política pública de saúde é muito importante não deixar uma epidemia de vícios tomar conta de um país isso pode se tornar um grande problema social para o país. 

Os hábitos fazem parte do nosso cotidiano, temos hábitos que às vezes podem ser viciantes, e nosso cérebro sempre nos lembra desses hábitos, e muitas vezes é sempre bom entender como o cérebro funciona diante desses sutis vícios que temos.


Referências

A neurobiologia do vício: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6767400/

Optogenética: https://pt.wikipedia.org/wiki/Optogen%C3%A9tica

Quimiogenética: https://en.wikipedia.org/wiki/Chemogenetics

 

 

Uma viagem à Biotecnologia

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Eu sou uma pessoa que está em volta da tecnologia, gosto de entender como uma nova tecnologia surge, e dentro da biologia eu tenho certos interesses, mas não tanto como a tecnologia, meu interesse é mais voltado a neurobiologia. “Como surgem os processos no cérebro?”, “Como será que o cérebro reage a determinada situação?”, “Como funciona cada região do cérebro?”, são perguntas que me dão um certo interesse em buscar e entender. Mas a biotecnologia, uma área que mistura biologia com tecnologia para tentar compreender o organismo ou desenvolver técnicas voltadas à biologia é uma área bem interessante, e confesso que dá bastante interesse. A biotecnologia vai desde coisas simples como pão e queijo até técnicas modernas que mexem no DNA, e isso tem evoluído consideravelmente. Existem várias frentes: a médica que cria medicamentos e vacinas; a agrícola que melhora a produção de alimentos e a resistência a pragas; a industrial desenvolve biocombustíveis e plásticos ecológicos; a ambiental limpa poluição usando seres vivos. No dia a dia, ela está presente nos alimentos que todos comemos, nos medicamentos que tomamos e até na maneira como cuidamos de nosso meio ambiente. Apesar dos avanços, ainda há muitos desafios para se enfrentar, como questões éticas e a segurança dos alimentos geneticamente modificados. Vamos abordar um pouco ela.

Visão Geral

A biotecnologia médica é uma área fascinante que transforma a saúde em inovações diversificadas. Ela envolve a produção de medicamentos usando técnicas como a engenharia genética e a cultura de células. Um exemplo bem comum é a insulina, muito importante para diabéticos, que agora é feita de forma muito mais eficiente e segura, e isso graças uma grande pesquisa com bactérias. As vacinas e os anticorpos são outro exemplo que melhoram a prevenção e o tratamento de várias doenças, os vírus vão se modificando e se formando e com uma inovação dentro da biotecnologia criando novos tratamentos e vacinas para os seres humanos tem se mostrado importante. E as terapias avançadas no campo da genética, tem se mostrado muito eficaz em corrigir genes que não são funcionais em células de paciente, e também em estudos de vários tipos de câncer. Mas não é só isso, a área também inclui a engenharia de tecidos, onde podemos criar tecidos e até órgãos em laboratório para transplantes, imagina no futuro não precisar depender de doadores. Em destacar o uso de células-tronco para tratar doenças degenerativas, as células troncos têm a capacidade de se transformar em diferentes tipos de células, podendo substituir peles queimadas ou até mesmo alguns órgãos dando um tratamento eficaz e no futuro podendo tratar vários tipos de câncer. Os métodos de diagnóstico também estão evoluindo, como, por exemplo, detectar com mais precisão doenças hereditárias e personalizar um tratamento, com uma abordagem bem mais prática.

Uma das outras áreas que a biotecnologia tem sido bem destacada é nas indústrias. A maneira como é fabricado produtos tem melhorado cada vez mais, um exemplo é a utilização de microrganismo e enzimas na produção de biocombustíveis, plásticos biodegradáveis e outros materiais de forma mais sustentável. Isso é, em vez de depender de combustíveis fósseis ou derivados do petróleo, podemos produzir etanol e biodiesel a partir de plantas e algas, não só ajuda a reduzir a poluição mas também aproveita recursos renováveis. As enzimas e a utilização de plantas como eucalipto podem ser usadas na fabricação de detergentes ou desinfectantes, o que é menos prejudicial ao meio ambiente em alguns casos. A produção de alimentos também pode se beneficiar, como a utilização de enzimas na fabricação de queijos, pães e outras delícias que você encontra no supermercado. Com o avanço da tecnologia elas permitem processos bem mais rápidos e com melhor qualidade. Outro exemplo é na fabricação de fibras têxteis mais duráveis e confortáveis, essas fibras podem ajudar muito a melhorar a questão sustentável de nosso planeta.

Nos mares também a biotecnologia está sendo bem aplicada onde se busca entender como os oceanos e os organismos que nele habitam interagem. Um exemplo de pesquisa é as proteínas de alguns peixes que vivem em águas geladas que podem ser usadas para criar plantas resistentes ao frio, e isso contribui muito para dar soluções de plantio em lugares em que o frio é muito extremo e as possibilidades de plantio sejam bem limitadas. Os organismos marinhos têm sido fonte de compostos com propriedades medicinais também, como novos medicamentos anticancerígenos e anti-inflamatórios, até a bioluminescência de certas espécies marinhas é aproveitada para criar bioindicadores que ajudam em pesquisas científicas e diagnósticos médicos. E essas pesquisas das vidas marinhas relacionadas à medicina têm se mostrado um importante papel, e ela não vai parar por aí. Outra prática é a aquacultura, a qual é o cultivo de organismos aquáticos em condições controladas, é uma parte fundamental dessa área. Ela permite uma pesquisa na produção de alimentos ricos em nutrientes aquáticos, e são essenciais para a dieta humana. Um importante produto é o colágeno marinho, obtido de peixes e outros organismos, têm aplicações na indústria de cosméticos e farmacêutica, e pode ser usado também na área médica.

Questões éticas

A biotecnologia traz inúmeros avanços, mas também levanta muitos desafios e várias questões éticas significativas debatidas no meio científico. Um dos grandes desafios é a terapia gênica, que promete curar doenças genéticas ao substituir genes defeituosos por genes saudáveis. Existem preocupações sobre a segurança desse tipo de terapia, podendo levar a sérios danos. E também dentro dessa terapia a possibilidade de criar “bebês de design", onde os pais poderiam escolher desde a sexualidade até características específicas de seus filhos, algo altamente controverso. Isso faz levantar um ponto sobre até onde deveríamos interferir na natureza e quais implicações sociais essas práticas teriam no mundo.

Outra grande preocupação ética envolve os alimentos geneticamente modificados. Enquanto esses alimentos têm o potencial de aumentar a produção agrícola e reduzir a necessidade de pesticidas em alguns casos, há um medo generalizado em torno dos impactos na saúde e no meio ambiente. O quanto os alimentos geneticamente modificados poderiam contribuir para a nossa saúde e seus efeitos colaterais? Outro ponto é a tecnologia de "terminador", que faz com que as plantas geneticamente modificadas sejam estéreis, tem sido criticada por forçar os agricultores a comprar novas sementes a cada ano, aumentando a dependência das grandes corporações. Dentro da plantação algumas pragas já estão desenvolvendo resistência a culturas geneticamente modificadas, o que levanta uma corrida para se criar mais pesticidas que podem ser altamente prejudiciais à saúde. A questão dos direitos dos consumidores também é levantada: muitas pessoas acreditam que têm o direito de saber se os alimentos que estão comprando são geneticamente modificados.

Os avanços em biotecnologia também trazem à tona questões sobre desigualdade e acesso. Ela tem um grande potencial de revolucionar a medicina, a agricultura, mas essas inovações muitas vezes são caras e inacessíveis para a população mais pobre. E há um risco real de que as tecnologias de ponta possam ampliar ainda mais a lacuna entre ricos e pobres, tanto dentro de países desenvolvidos como entre nações em geral. O uso de dados genéticos também levanta algumas preocupações sobre privacidade e discriminação, as informações genéticas podem ser mal utilizadas por empresas, seguradoras ou governos, criando um novo tipo de desigualdade e injustiça social.

Considerações finais

A biotecnologia é uma ferramenta poderosa com aplicações em diversas áreas, oferecendo soluções inovadoras tanto no meio social como também no meio sustentável, mas também enfrenta muitos desafios. Ela oferece avanços na criação de novos medicamentos, aumento da produtividade agrícola e nas reduções de impactos ambientais, mas também enfrenta questões éticas de segurança alimentar - que devem ser consideradas - questões sociais - que vêm sendo debatidos no meio científico. É muito importante ficarmos olhando e buscando entender cada um dos impactos que ela pode dar em nossa sociedade.

 

As emoções e a amígdala cerebral

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As emoções são importantes para nossa sobrevivência e adaptação ao ambiente. Desde a antiguidade, nossas reações emocionais têm sido essenciais para enfrentar desafios e perigos e tomar decisões rápidas e fundamentais. E isso foi um processo natural que reflete atualmente. Nesse cenário, a amígdala, uma estrutura no cérebro, se destaca em respostas emocionais. Existem outras partes do cérebro que podem influenciar sentimentos e emoções, mas vamos nos concentrar aqui na amígdala, ela é uma parte do cérebro interessante de se conhecer.

A amígdala é geralmente chamada de centro emocional do cérebro. Localizada na parte onde ficam os lobos temporais, essa estrutura complexa está envolvida em processar e atribuir valor emocional às experiências sensoriais e está sempre ativa, integrando informações e influenciando nossas reações e decisões. Como uma pequena estrutura pode influenciar grandes percepções à nossa volta? Tomamos uma decisão ou temos reações comportamentais, e é a amígdala que dá um impulso para isso.

Estrutura e Função

A amígdala é composta por vários núcleos, cada um com suas funções específicas. A parte lateral, por exemplo, recebe e processa informações sensoriais de diferentes partes do cérebro. Das informações que vai sendo obtida passa por essa região. Essas informações são então enviadas para outras partes, como a basal, que ajuda a formar nossas respostas emocionais e de memória. E é nessa região que vai sendo processado e construído as emoções, desde reações de instinto até decisões elaboradas.

Além das partes laterais basal, a amígdala também possui a parte corticomedial, que inclui as partes central e medial. Essas partes desempenham um papel na regulação das funções automáticas e endócrinas, influenciando respostas físicas, como a aceleração do batimento cardíaco em situações de medo. Quando acontece uma situação  em que seu coração começa a acelerar, é de lá que vem a resposta. É uma importante resposta para sobrevivência, em situações de perigo é o nosso corpo se preparando para luta ou fuga diante de ameaças.

A função da amígdala não se limita apenas à resposta ao medo, outro importante processo é de aprendizagem emocional e memória emocional. É através da plasticidade sináptica que a amígdala pode fortalecer ou enfraquecer conexões neuronais com bases em experiências passadas. E isso é ajustado para futuras reações a estímulos similares. Você passa por uma situação e então tem uma resposta, e se cria uma memória de experiência, e em situações futuras o cérebro pode dar a mesma resposta passada totalmente automática. Essa capacidade se torna muito importante, ela permite que possamos aprender com o passado para se preparar para o futuro.

Teorias sobre a Emoção

As emoções sempre entraram em um campo de debates, desde as teorias clássicas até as atuais que tentam explicar a relação entre o corpo e pensamentos e de como surgiram cada sensação que sentimos. É claro que hoje em dia várias teorias do campo da neuropsicologia tem revelado um entendimento sobre como funcionam as diversas reações de nosso comportamento. Vamos conhecer algumas delas.

Teoria de James-Lange:  Proposta por William James e Carl Lange, esta teoria sugere que as emoções são o resultado de mudanças fisiológicas no corpo. Por exemplo, sentimos medo porque nosso corpo reage fisicamente a um estímulo ameaçador.

Teoria de Cannon-Bard: Walter Cannon e Philip Bard desafiaram a teoria de James-Lange, argumentando que as emoções e as respostas fisiológicas ocorrem simultaneamente e independentemente. Assim, ao ver um perigo, sentimos medo ao mesmo tempo que nosso corpo reage.

Hipótese do Marcador Somático: O médico e neurologista António Damásio introduziu a hipótese do marcador somático, que propõe que nossas decisões são influenciadas por marcadores somáticos, ou sinais corporais, baseados em emoções passadas, ajudando a prever os resultados de diferentes ações.

Teoria das Emoções Construídas: Lisa Feldman Barrett propôs que as emoções não são universais, mas construídas socialmente. Segundo essa teoria, o cérebro utiliza experiências passadas e contextos sociais para categorizar e interpretar sentimentos, sugerindo que as emoções são moldadas culturalmente.

Considerações finais

Agora você compreendeu um pouco de como é o processamento emocional e a estrutura cerebral que é a amígdala. E isso é um passo de como entender as emoções influenciando a cognição e o comportamento. O artigo é para te fornecer uma visão geral das funções da amígdala, agora busque algumas informações e se aprofunde ainda mais nesta parte neurobiológica.

 


Referências

Neurobiologia das emoções: https://www.scielo.br/j/rpc/a/t55bGGSRTmSVTgrbWvqnPTk/

Resumo sobre a amígdala cerebral: https://med.estrategia.com/portal/conteudos-gratis/resumo-sobre-a-amigdala-cerebral-anatomia-funcoes-e-mais/

Compreendendo as emoções: origens e funções da amígdala: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8228195/

Teoria de James-Lange: https://en.wikipedia.org/wiki/James%E2%80%93Lange_theory

Teoria Cannon-Bard: https://en.wikipedia.org/wiki/Cannon%E2%80%93Bard_theory

Hipótese do marcador somático: https://pt.wikipedia.org/wiki/Hip%C3%B3tese_do_marcador_som%C3%A1tico

Teoria das Emoções Construídas: https://en.wikipedia.org/wiki/Theory_of_constructed_emotion