Entendendo a Teoria das Mídias

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Hoje em dia, é impossível falar sobre a nossa vida sem mencionar os meios de comunicação. Eles estão em todos os cantos, desde o jornal da manhã até aquela checada rápida nas redes sociais antes de dormir. Mas você já parou para pensar o que realmente são as mídias de massas? Como elas tem impacto em nossa sociedade e como eles moldam a nossa visão de mundo? No post de hoje, vou falar um pouco sobre o significado desses meios, como eles se relacionam com a sociedade, as teorias por trás da comunicação de massas e a história dessa evolução, além de refletir sobre novas tecnologias nessa realidade.

O termo "mídia de massas" se refere a qualquer meio de comunicação que atinge inúmeras pessoas, como rádio, televisão, jornais e a internet. Elas não são apenas ferramentas que transmitem informações, mas também são responsáveis por moldar opiniões, comportamentos e até mesmo a cultura de uma sociedade. Esses meios têm o poder de alcançar praticamente todo mundo, e é justamente por isso que eles exercem tanta influência. Não percebemos, mas o tempo todo somos bombardeados com informações que, de certa forma, moldam quem somos e como enxergamos o mundo. Isso faz das mídias de massas algo muito mais complexo do que parece à primeira vista.

E a relação entre as mídias e a sociedade? Ah, essa é profunda. Os meios de comunicação de massas não estão apenas refletindo o que acontece na sociedade, eles também influenciam o comportamento das pessoas e as decisões políticas. Eles são o canal que conecta o público com os acontecimentos do mundo, filtrando o que chega até nós. Em muitos casos, é através das mídias que conhecemos os candidatos políticos, que formamos opiniões sobre questões sociais e que escolhemos nossos produtos no supermercado. Ao mesmo tempo, as próprias mídias são influenciadas pelas forças econômicas e políticas da sociedade. É como uma dança complexa onde cada um gera influência e é influenciado.

As teorias da comunicação de massas nos ajudam a entender como essa interação funciona. Algumas dessas teorias focam no papel das mídias como agentes de mudança social, enquanto outras argumentam que as mídias são apenas reflexos das forças econômicas e políticas que já estão em jogo na sociedade. Existem teorias críticas que enxergam as mídias como perpetuadores das desigualdades sociais e outras, mais administrativas, que buscam entender como melhorar a eficiência da comunicação. Cada uma dessas visões nos oferece uma forma diferente de olhar para o mesmo fenômeno: a comunicação em larga escala e seu impacto.

Se olharmos para a história das mídias de massas, percebemos que elas mudaram ao longo do tempo. Tudo começou lá atrás, com a invenção da imprensa, que trouxe os primeiros jornais e livros impressos. Depois, o rádio e a televisão tomaram conta, e mais recentemente, a internet e as redes sociais mudaram tudo. Cada nova tecnologia trouxe novas possibilidades e também novos desafios. Por exemplo, enquanto o rádio era uma maneira de se conectar com o mundo fora de casa, a internet possibilitou essa conexão de forma imediata, com um simples toque na tela do celular.

Dentro dessas mudanças, as teorias da comunicação também foram se adaptando. Não estamos falando só de regras sobre como a comunicação acontece, mas de um conjunto de ideias que nos ajudam a entender melhor como esses processos influenciam nossas vidas. Existe a teoria científica social, que tenta prever como as pessoas reagem às mensagens das mídias. Também temos a teoria normativa, que trata do que as mídias deveriam fazer para funcionar melhor na sociedade. E claro, não podemos esquecer das teorias operacionais, que são mais voltadas para o dia a dia dos profissionais que trabalham com comunicação. Essas teorias mostram que a comunicação de massas é um fenômeno muito mais complexo do que parece à primeira vista.

Agora, se tem uma coisa que mudou muito nos últimos anos, foi a tecnologia. A chegada da internet, dos smartphones e das redes sociais revolucionou completamente como nos comunicamos. Se antes os jornais e a televisão dominavam, hoje a informação está em nossas mãos 24 horas por dia. Essas "novas mídias" são mais interativas, mais personalizados e atingem um público ainda maior. Com tudo isso, a comunicação ficou mais rápida, mais acessível e também mais caótica. A linha entre o público e o privado ficou turva, e o papel das mídias de massas se reinventou de uma maneira sem precedentes.

As mídias de massas influencia tudo em nossa sociedade, desde a política até o lazer. Elas moldam como vemos o mundo e, ao mesmo tempo, são moldados por ele. Conforme as tecnologias evoluem, essas interações ficam cada vez mais dinâmicas, trazendo novos desafios e oportunidades. O importante é que, como consumidores de informação, sempre devemos ter um olhar crítico e consciente sobre o que estamos recebendo e como isso afeta a nossa visão de mundo.

Fatores que podem influenciar nosso comportamento

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Você já parou para pensar sobre o que realmente molda o seu comportamento no dia a dia? De onde vem certos comportamentos que temos durante o dia? O que te faz agir de determinada maneira em algumas situações, e por que, em outros momentos, você reage de forma completamente diferente? Pois é, nosso comportamento é influenciado por uma série de fatores e muitos deles que nem percebemos. Neste post, quero te mostrar um panorama sobre esses elementos que moldam quem somos e como agimos. Vamos lá?

Hormônios: os condutores do nosso corpo

Os hormônios desempenham um papel essencial na forma como nos comportamos. Eles são como mensageiros químicos que afetam tudo, desde o humor até a agressividade. Por exemplo, você já sentiu aquele estresse vindo do nada? Provavelmente, o cortisol (nosso hormônio do estresse) estava nas alturas. Ou talvez você tenha tido um momento de coragem e competitividade, isso pode estar relacionado aos níveis de testosterona ou quem sabe da adrenalina/noradrenalina. Outros hormônios como ocitocina influenciam o vínculo emocional e a confiança, enquanto insulina está ligada ao controle do açúcar no sangue, dando um impacto diretamente nosso humor e energia.

Neurotransmissores: heróis do nosso bem-estar

Dentro do nosso cérebro, os neurotransmissores são como as "mensagens rápidas" que influenciam nosso humor, nosso prazer e até mesmo nosso nível de estresse. Um bom exemplo é a dopamina, associada à motivação e à sensação de recompensa. Já ouviu falar da serotonina? É ela quem regula nosso humor e sensação de bem-estar. E não posso deixar de mencionar o GABA e o glutamato, que controlam, respectivamente, os níveis de ansiedade e excitação no nosso cérebro.

Alimentação: o combustível que move tudo

O que comemos vai muito além de simplesmente nos manter saciados. A nutrição influencia diretamente o comportamento. Por exemplo, os ácidos graxos ômega-3, encontrados em peixes, são essenciais para a saúde do cérebro e afetam até nossa capacidade de aprendizagem e cognição. Por outro lado, quem nunca se sentiu "pesado" ou irritado após exagerar no açúcar? E também, vitaminas como B e D são essenciais para manter o bom humor e a energia.

Fatores genéticos: a base do que somos

Aqui entra uma peça chave: a genética. Nossos genes são como o "código-fonte" do nosso corpo, influenciando desde a nossa personalidade até a predisposição para transtornos mentais, como depressão e ansiedade. Os genes podem influenciar características como extroversão, introversão e até como reagimos ao estresse. Claro, os genes não são a única coisa que define nosso comportamento, mas eles colocam uma base importante complementada pelos outros fatores que menciono aqui.

Fatores fisiológicos: sono, exercício e saúde

Você sabia que uma noite mal dormida pode mudar completamente seu comportamento no dia seguinte? A qualidade do sono é fundamental para regular nosso humor, memória e até a nossa capacidade de tomar decisões. Outro grande aliado do comportamento é o exercício físico: praticar atividades físicas aumenta a produção de hormônios e até mesmo regular os neurotransmissores. Sem contar que nossa saúde geral e possíveis doenças crônicas também podem influenciar diretamente como nos sentimos e nos comportamos.

Fatores psicológicos: nossas emoções e experiências

Nossas experiências passadas e o que sentimos no presente são, sem dúvida, grandes influenciadores do nosso comportamento. O estresse, por exemplo, pode nos fazer reagir de maneiras inesperadas, e emoções como raiva, felicidade ou tristeza podem ditar nossas ações no momento. Além disso, nossa motivação – seja ela intrínseca (vontade pessoal) ou extrínseca (por recompensas externas) – também influencia a maneira como lidamos com desafios e oportunidades.

Fatores ambientais: o mundo ao nosso redor

O ambiente social e familiar molda quem somos. A influência da mídia e da tecnologia, por exemplo, pode impactar nossos comportamentos e até nossas percepções de mundo. O ambiente social em que vivemos também é importante: amigos, colegas de trabalho, família – todos influenciam direta ou indiretamente nosso modo de agir. Além disso, o nível socioeconômico e o estilo de vida que adotamos podem gerar diferentes tipos de estresse e moldar nosso comportamento diário.

Fatores culturais e sociais: as normas que seguimos

A cultura que temos como, valores e crenças sociais são pilares importantes do comportamento. As normas sociais nos dizem o que é aceitável ou não em um determinado contexto, e grupos de pares (como amigos ou colegas de trabalho) também podem ter um papel decisivo sobre como nos comportamos. Isso sem mencionar a influência da educação, que molda não apenas o que sabemos, mas também como agimos e reagimos diante das situações.

Ciclos biológicos: o tempo certo para tudo

Por fim, o corpo segue um ritmo circadiano, que regula nosso ciclo de sono e vigília, além de influenciar diretamente nossa energia e produtividade de muitas funções. Nas mulheres, o ciclo menstrual pode ter um grande impacto no humor e nas emoções. E com o tempo, o envelhecimento também traz mudanças comportamentais naturais, como maior introspecção ou adaptação às limitações físicas.

Conclusão

Nosso comportamento é o resultado de uma complexa interação entre fatores biológicos, psicológicos, sociais e ambientais. Cada um desses elementos trabalha junto para moldar como pensamos, sentimos e agimos. E aqui você conheceu alguns fatores que possa construir seu comportamento. Entender cada um deles pode ajudar de como surge determinadas reações em situações que acontece em nossa vida, afinal, somos muito mais que apenas ações e reações, somos o resultado de todo o conjunto de influências naturais.

O Fascínio pela Imortalidade

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A imortalidade sempre foi um tema que mexe com a nossa imaginação, desde os tempos mais antigos até hoje. Se você, assim como eu, gosta de histórias de ficção científica, fantasia ou até mitologia, já deve ter se deparado com personagens que desafiam as leis da natureza e vivem para sempre. Mas será que a ideia de viver eternamente é tão incrível assim quanto parece?

Confesso que, desde que comecei a explorar essa temática, percebi que a imortalidade tem suas nuances. Parece uma bênção à primeira vista, mas conforme você vai aprofundando nas histórias, a coisa se complica. Para muitos escritores, a imortalidade é um desejo humano forte, mas sempre cercado de consequências.

Imortalidade na Mitologia: O Sonho Divino de Viver Para Sempre

Quando falamos em imortalidade, é impossível não começar pelas mitologias antigas, onde o desejo de viver para sempre era uma busca que muitas vezes envolvia os deuses. A obra mais antiga que trata desse tema é a Epopeia de Gilgamesh, lá de 2100 a.C. Gilgamesh, o rei que busca a imortalidade após a morte de seu amigo Enkidu, é um exemplo clássico de como o desejo de escapar da morte sempre foi um dilema humano.

Na mitologia grega, encontramos exemplos famosos como Ganimedes e Titono. Ganimedes foi levado ao Olimpo para servir os deuses e ganhou a vida eterna, enquanto Titono obteve a imortalidade, mas não a juventude eterna. E aí que está o ponto mais interessante: ele continuou envelhecendo para sempre, até o ponto de não poder mais se mover ou falar. É como se a imortalidade fosse um presente com um preço alto demais para pagar.

Outro exemplo que me fascina é a lenda do Santo Graal, da literatura arturiana. O cavaleiro Sir Galahad consegue a imortalidade através do Graal, mas a busca pela vida eterna nessa história é cercada por questões de pureza espiritual. Esse tipo de imortalidade mitológica quase sempre vem acompanhado de provações, e poucas vezes é visto como uma verdadeira bênção.

Esses mitos nos fazem refletir sobre o que realmente buscamos quando falamos de imortalidade. É só a questão de viver mais ou é algo maior, relacionado à transcendência e significado?

A Imortalidade na Ficção: Entre Vampiros, Super-Humanos e Universos Digitais

Se nos mitos antigos a imortalidade era algo concedido pelos deuses, na ficção moderna e contemporânea ela ganha novas formas, mais ligadas a maldições, seres sobrenaturais ou mesmo avanços científicos. As histórias de vampiros, por exemplo, são um dos símbolos mais conhecidos da imortalidade na cultura pop. Quem nunca ouviu falar de Drácula ou dos vampiros de Crepúsculo? Esses seres vivem para sempre, mas precisam de sangue humano para sustentar sua existência. É uma vida eterna cheia de condições.

Por outro lado, os zumbis trazem uma visão de imortalidade ainda mais sombria: a perda completa da consciência. Eles são imortais, mas estão condenados a vagar sem alma, sem identidade. O interessante aqui é como a imortalidade muitas vezes se confunde com a ideia de "não-morte", mas sem os benefícios que associamos a viver para sempre.

Outro ponto curioso é a abordagem da imortalidade no gênero de ficção científica. Desde as primeiras obras de ficção científica, o avanço da medicina e da tecnologia foi visto como um possível caminho para a imortalidade. Pense em obras como O Homem do Castelo Alto, de Philip K. Dick, ou A Cidade e as Estrelas, de Arthur C. Clarke, onde a imortalidade é conquistada por meio de tecnologia avançada.

Essas histórias exploram como a imortalidade pode mudar completamente como a sociedade funciona. Em algumas, a imortalidade é um privilégio de poucos, enquanto em outras, como o filme Senhor Ninguém(2009) estrelado por Jared Leto, ela é um fardo, isolando o indivíduo dos outros. A ficção tem uma habilidade incrível de nos fazer pensar: será que a imortalidade é mesmo desejável?

Tecnologia e Imortalidade: Ficção ou Futuro Próximo?

Se no passado a imortalidade estava ligada aos deuses e à magia, hoje a tecnologia nos faz pensar que talvez ela esteja ao nosso alcance. Você já deve ter ouvido falar de avanços como a biotecnologia e a criônica, que propõem a ideia de prolongar a vida humana indefinidamente. Mas como seria essa imortalidade tecnológica? Será que realmente estamos prontos para isso?

A biotecnologia explora maneiras de manipular o nosso código genético para retardar o envelhecimento, algo que já está sendo pesquisado no mundo real. No livro Os filhos de Matusalém, de Robert Heinlein, a imortalidade é alcançada através da seleção genética e manipulação da biologia. Essa visão levanta questões éticas e sociais enormes. Quem teria acesso a esse tipo de tecnologia? Seria algo restrito a poucos privilegiados?

Outra abordagem comum é a criônica — a ideia de congelar o corpo após a morte para ser reanimado no futuro, quando a cura para a morte for descoberta. Isso aparece em várias histórias de ficção científica, e na realidade, empresas como a Alcor já oferecem esse serviço (embora sem garantia de sucesso, claro). A imortalidade, nesses casos, se torna uma questão de "pausa", esperando que o futuro traga a resposta.

Mas talvez o conceito mais fascinante de imortalidade tecnológica seja a digital. Imagine poder transferir a sua mente para um computador e viver para sempre em uma realidade virtual. Isso já foi explorado em filmes como Matrix e no romance Neuromancer, de William Gibson. A ideia de que poderíamos viver digitalmente, sem corpo físico, nos faz questionar: isso ainda seria vida? Ou seria apenas uma sombra do que realmente somos?

A imortalidade digital levanta questões filosóficas profundas. Uma mente armazenada em um computador ainda seria "você", com sua essência e memória, ou apenas uma cópia fria dos seus pensamentos? Esse tipo de imortalidade pode ser a chave para superar a limitação física, mas ao custo de nossa humanidade?

O Preço da Imortalidade: Bênção ou Maldição?

Apesar de todas essas formas de imortalidade — sejam mitológicas, tecnológicas ou fictícias — uma coisa é certa: a imortalidade sempre vem com um preço. Nas histórias que lemos ou assistimos, os imortais muitas vezes enfrentam dilemas emocionais, sociais e psicológicos intensos. A solidão é um dos temas mais recorrentes. Afinal, como seria viver eternamente enquanto todos ao seu redor morrem? Isso é algo que aparece claramente em histórias como O Homem do Castelo Alto e O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde.

Outro aspecto é o tédio. O que você faria se tivesse todo o tempo do mundo? Pode parecer incrível à primeira vista, mas muitas histórias mostram imortais lutando contra o tédio e a apatia. O que dá sentido à vida se a morte nunca chega? O tédio eterno é um tema comum, explorado em histórias satíricas como O Guia do Mochileiro das Galáxias, de Douglas Adams, onde um personagem imortal passa a eternidade insultando todos os seres do universo só para ter algo para fazer.

A imortalidade também nos faz questionar nossa própria identidade. Seríamos as mesmas pessoas se vivêssemos para sempre? A mudança constante faz parte do que nos torna humanos, e a imortalidade pode nos tirar isso. Em obras como O Imortal, de Jorge Luis Borges, vemos personagens que, após séculos de vida, desejam recuperar sua mortalidade para redescobrir o valor da vida.

Reflexão Final: E se Pudéssemos Viver Para Sempre?

No fim, a imortalidade é um tema que nos leva a muitas reflexões. Em um primeiro momento, parece tentador: viver para sempre, explorar o universo, acumular conhecimento infinito. Mas as histórias e mitos que exploram essa ideia nos mostram que talvez a imortalidade não seja tão simples assim.

Se a ciência nos trouxesse essa possibilidade, estaríamos preparados para lidar com suas consequências? Será que a imortalidade nos tornaria mais ousados ou mais cautelosos? Será que viver eternamente tiraria de nós aquilo que nos faz humanos — a nossa capacidade de mudar e de dar valor ao tempo que temos?

É um tema que continua fascinando escritores, cientistas e pensadores.

Uma jornada incrível pelo cérebro e a memória

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Já parou para pensar em como você lembra daquela receita de bolo que sua avó fazia, ou de uma música que tocava na sua infância? Ou até mesmo de informações que você aprendeu ontem, na aula ou no trabalho? A memória é um dos processos mais fascinantes do nosso cérebro, o seu entendimento de como ela funciona pode nos ajudar a melhorar nosso aprendizado e até mesmo evitar esquecimentos. Vamos dar um giro nessa jornada pelo cérebro e descobrir o que acontece quando aprendemos algo novo e conforme armazenado em nosso cérebro.

Como o cérebro processa

Bem, tudo começa quando você tem contato com algo novo. Pode ser uma palavra que você escutou, uma imagem que você viu, ou uma informação que você leu. Esse primeiro momento é o registro sensorial do cérebro. Estamos constantemente sendo bombardeado com várias informações sensoriais a cada momento, seja eles sons, imagens, cheiros, ou até sensações táteis, tudo isso é processado em nosso cérebro, e ele precisa filtrar as informações relevantes. Os sentidos fazem um trabalho rápido de captar as informações e enviá-las para o cérebro.

Mas, atenção: essa primeira fase é super rápida. A imagem de algo que você viu pode ser mantida no registro sensorial por cerca de meio segundo, enquanto um som pode durar até quatro segundos. Se você não prestar atenção à informação ela pode desaparecer. Por isso, o foco é essencial nesse primeiro estágio. É aí que entra o hipocampo, uma estrutura no cérebro responsável por pegar esses dados sensoriais e decidir se vale a pena manter ou descartar.

Vamos imaginar que você ouviu o nome de uma pessoa em uma reunião. Agora, essa informação vai para a memória de curto prazo, esta é aquela memória que você pode esquecer caso não reforce. É como se fosse o bloco de notas do cérebro, onde guardamos temporariamente as informações que estamos processando no momento.

A capacidade da memória de curto prazo é limitada, ela apenas consegue armazenar de 5 a 9 itens de uma só vez, e por um curto período, cerca de 20 a 30 segundos. Ou seja, sem repetir o nome da pessoa ou anotar, é bem provável que você o esqueça rapidamente.

Mas o que define se uma informação vai continuar no seu cérebro ou se será apagada? Um dos fatores principais é o quanto você foca ou pratica essa informação. Quando repetimos algo, estamos basicamente dizendo ao cérebro: “Ei, isso é importante! Mantenha isso por perto”.

Um exemplo bem popular disso é quando você decora um número de telefone para discá-lo. Se você não repetir ele, provavelmente vai desaparecer logo após usá-lo. Mas se você digitar várias e várias vezes ou anotá-lo, a chance de lembrar dele por mais tempo aumenta.

Agora, vamos supor que você repetiu várias vezes o nome daquela pessoa que conheceu na reunião, ou que revisou uma informação importante para uma prova. Esse processo de repetição ativa um fenômeno que chamamos de consolidação. Consolidar é o ato de transformar uma memória de curto prazo em uma de longo prazo.

E aqui vem uma parte interessante: a consolidação ocorre, na maioria, enquanto dormimos! O sono desempenha um papel muito importante na solidificação das memórias. É durante o sono que o cérebro organiza e reforça as conexões que formam essas memórias. Sem uma boa noite de sono, é mais difícil que o aprendizado do dia seja armazenado de maneira eficiente.

Outro aspecto curioso é que o tipo de memória que estamos consolidando influencia o processo. Existem diferentes tipos de memórias armazenadas de maneira distinta no cérebro. As principais são:

Memória declarativa: relacionada a fatos e eventos. Como lembrar a data do aniversário de alguém ou o nome de um país.
Memória procedural: relacionada a habilidades e hábitos. Como andar de bicicleta ou tocar uma música no violão.

Cada uma dessas memórias envolve diferentes áreas do cérebro. Por exemplo, enquanto a memória declarativa depende fortemente do hipocampo e de áreas do córtex cerebral, a memória procedural está mais associada ao cerebelo e aos núcleos da base, áreas envolvidas no controle motor.

Se a consolidação foi bem-sucedida, a informação chega à memória de longo prazo. E o mais impressionante: a memória de longo prazo é quase ilimitada! Muito diferente da memória de curto prazo, que tem espaço restrito, as informações na memória de longo prazo podem ficar armazenadas por bastante tempo, desde que sejam acessadas de tempos em tempos.

Aqui entra um conceito importante chamado de potenciação de longo prazo (LTP), que é um processo bioquímico que fortalece as sinapses (as conexões entre os neurônios). Cada vez que uma memória é revisitada, as sinapses responsáveis por armazenar aquela informação ficam mais fortes. É como se, a cada repetição, você pavimentasse uma estrada neural, tornando o caminho mais fácil para o futuro.

Mas, claro, a memória de longo prazo também não é infalível. Algumas informações podem ser esquecidas com o tempo se não forem utilizadas ou se perderem em meio a novas informações que chegam ao cérebro. Isso é conhecido como esquecimento e, curiosamente, é uma função adaptativa do cérebro. Ele precisa abrir espaço para novas aprendizagens e filtrar o que realmente é relevante.

Agora, algo muito interessante é o papel que as emoções desempenham na formação da memória. Sabe aquela sensação de que você nunca vai esquecer o dia em que recebeu uma notícia muito boa ou muito ruim? Isso acontece porque emoções intensas ativam a amígdala, uma estrutura do cérebro que está diretamente ligada ao processamento emocional.

Quando sentimos algo com muita intensidade, a amígdala sinaliza ao cérebro que aquela memória é importante, facilitando a sua consolidação. Isso explica porque traumas ou momentos marcantes ficam gravados de forma tão vívida. É como se o cérebro dissesse: "Isso aqui eu preciso guardar, porque pode ser útil para a sobrevivência."

Até aqui, vimos como a memória é criada e armazenada, mas e quando precisamos lembrar de algo? Esse processo de recuperação da memória é como abrir o arquivo que não esteja corrompido no cérebro.

O interessante é que as memórias não são armazenadas em um único lugar no cérebro. Elas são distribuídas em diferentes áreas, conforme o tipo de informação. Quando você tenta lembrar de algo, várias partes do cérebro trabalham juntas para reconstruir essa memória. Por exemplo, ao lembrar de uma viagem, o córtex visual pode se ativar para trazer de volta as paisagens que você viu, enquanto o córtex auditivo pode trazer sons específicos daquela experiência.

O problema é que, durante a recuperação, as memórias podem ser distorcidas. Toda vez que você relembra algo, o cérebro pode modificar detalhes, acrescentando novas informações ou até eliminando partes. É por isso que, às vezes, duas pessoas têm lembranças diferentes de um mesmo evento.

Outro ponto importante a se considerar é como o estresse e a saúde geral afetam a memória. Quando estamos sob muito estresse, o corpo libera cortisol, um hormônio que, em excesso, pode danificar o hipocampo, a área do cérebro fundamental para a formação de novas memórias. É por isso que, em momentos de muito estresse ou ansiedade, pode ser mais difícil lembrar de informações ou aprender algo novo.

A alimentação e o exercício físico também desempenham um papel vital na saúde do cérebro e, consequentemente, na memória. O cérebro consome uma quantidade significativa de energia e precisa de nutrientes adequados para funcionar bem. Alguns estudos mostram que dietas ricas em antioxidantes, ácidos graxos ômega-3 e vitaminas, e até mesmo as cetonas produzido pelo corpo em fase de cetose, são benéficas para a memória. Da mesma forma, a atividade física regular melhora o fluxo sanguíneo para o cérebro e pode estimular o crescimento de novas células nervosas, especialmente no hipocampo.

Conclusão

A memória é uma das funções mais complexas e fascinantes do cérebro humano. Eu acho incrível como nosso cérebro usa todo o seu potencial para criá-las. Desde o momento em que aprendemos algo novo até a sua transformação em uma lembrança de longo prazo, o processo envolve várias etapas e áreas do cérebro. O mais incrível é que, assim como qualquer outra habilidade, a memória pode ser treinada. A repetição, o sono adequado, a alimentação saudável e o controle do estresse são fatores que podem ajudar a manter e melhorar a capacidade de lembrar informações. E, com um pouco de prática e cuidado, você pode garantir que essas lembranças fiquem com você por um bom tempo.




Referências:

Como a memória funciona? Básico para entender ela: https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/memoria.htm

Aprendizado e memória: https://www.scielo.br/j/rbp/a/kFQxYnRjVMs7fG5cffRHCjv/

Potenciação e memória a longo prazo: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/14715912/

Memória humana: um sistema proposto e seus processos de controle1: https://app.nova.edu/toolbox/instructionalproducts/edd8124/articles/1968-Atkinson_and_Shiffrin.pdf

Memória, sono e sonho: experimentando consolidação: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3079906/

Memória: o que é, que tipos existem e como compensar dificuldades: https://crpg.pt/memoria-o-que-e-que-tipos-existem-e-como-compensar-dificuldades/

As influências da emoção no aprendizado e na memória: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5573739/

Efeitos da dieta cetogênica na cognição: uma revisão sistemática: https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/1028415X.2022.2143609 

Estresse e recuperação da memória de longo prazo: uma revisão sistemática: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7879075/

 O efeito do exercício físico na memória de idosos – um estudo de intervenção: https://www.scielo.br/j/motriz/a/pRqQxXRR3cXp9GxYFkmCWSv/?lang=en

O interbehaviorismo de Kantor

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Quando comecei meu interesse sobre entender o comportamento, me chegou algumas vertentes interessante sobre psicologia e comportamento, deparei-me com o interbehaviorismo de J. R. Kantor. Essa abordagem me deu um certo interesse de entender profundamente como concebe o comportamento humano em interações constante com o ambiente. Kantor propôs uma visão, talvez, revolucionária, mas também complexa, que vai além da simples observação do comportamento isolado, ele enfatizava a importância do contexto completo em que ocorre o evento. Essa perspectiva me fez pensar sobre como podemos entender e analisar as ações humanas no dia a dia. Vamos explorar um pouco o interbehaviorismo de Kantor.

Ao mergulhar em sua história, percebi que seu desenvolvimento foi um processo bem gradual e meticuloso. Kantor, influenciado pelas ciências naturais e pelo pragmatismo filosófico, buscou criar uma psicologia verdadeiramente científica, livre de pressuposto metafísico — assim como a ciência do comportamento em geral. Ele acreditava que o comportamento não poderia ser compreendido sem considerar o ambiente e o contexto temporal em que ocorria. Essa perspectiva levou à formulação de um sistema teórico abrangente, oferecendo uma alternativa bem detalhada para o estudo do comportamento.

Os princípios centrais do interbehaviorismo giram em torno da ideia de que o comportamento é um evento interativo, não algo que ocorre dentro do organismo de forma isolada. Kantor propôs que devêssemos estudar o comportamento como uma função das interações entre organismo e ambiente, considerando todos os fatores envolvidos. Isso pode incluir não apenas os estímulos imediatos, mas também a história do indivíduo, o contexto cultural e as condições ambientais presentes. Essa abordagem sistêmica nos permite compreender melhor a complexidade das ações humanas, evitando reducionismo que possam limitar nossa compreensão.

Um dos conceitos é o campo intercomportamental, que enfatiza a relação dinâmica entre o comportamento e o ambiente em um contexto temporal específico. Isso significa que não podemos analisar o comportamento sem levar em conta o momento e o ambiente em que ele ocorre. Cada evento comportamental é único do indivíduo e o resultado de múltiplas interações simultâneas. Por exemplo, a reação de uma pessoa a uma situação estressante não é apenas uma resposta ao estímulo presente, mas também pode ser influenciada por experiências passadas, expectativas futuras e o ambiente físico e social imediato. Ou seja, tudo isso podendo influenciar para ações atuais.

Outro conceito do interbehaviorismo é o evento comportamental, ele envolve uma série de fatores interrelacionados, incluindo estímulos, respostas e o meio ambiente. Não é apenas a reação a um estímulo, mas todo o processo que envolve a história do indivíduo, o contexto presente e suas possíveis consequências futuras. Essa visão nos permite entender comportamentos complexos de maneira mais aprofundada. Ao analisar por que alguém desenvolveu um hábito prejudicial, o interbehaviorismo nos incentiva a considerar todas as influências ambientais e históricas que contribuíram para este comportamento, e não apenas só uma.

Comparando o interbehaviorismo de Kantor com o behaviorismo radical de Skinner, encontramos tanto semelhanças quanto diferenças significativas. Ambas as vertentes sobre ciência do comportamento enfatizam o comportamento observável e a importância do ambiente na formação das ações humanas. No entanto, enquanto Skinner concentra-se nas contingências de reforço e no condicionamento operante como principais mecanismos, Kantor amplia a análise para incluir o contexto completo do evento comportamental, incluindo fatores históricos, culturais e situacionais. Enquanto Skinner buscava princípios universais de comportamento, Kantor enfatizava a singularidade de cada evento comportamental. O que tornava o interbehaviorismo muito mais completo que o behaviorismo radical.

Nas práticas empíricas, Skinner é muito conhecido por seus experimentos controlados e pela aplicação prática em ambientes como salas de aula e clínicas, desenvolvendo estudos empíricos aprofundados do comportamento. Já Kantor adotou uma abordagem mais teórica e filosófica, enfatizando a necessidade de uma metodologia que capture a complexidade das interações comportamentais. Isso torna o interbehaviorismo menos aplicado em contextos experimentais tradicionais, mas oferece uma visão mais profunda que pode enriquecer a compreensão teórica e a análise dos comportamentos. A sua complexidade contribuiu muito para o desinteresse acadêmico para experimentações.

Agora, ao compararmos o interbehaviorismo com a terapia cognitivo-comportamental (TCC), percebemos que ambos reconhecem a influência do ambiente no comportamento. Contudo, a TCC incorpora processos cognitivos como pensamentos, crenças e emoções como fatores mediadores entre estímulos e respostas. Enquanto isso, o interbehaviorismo mantém o foco nas interações observáveis e no contexto ambiental, sem recorrer a construtores mentais internos. Essa diferença destaca como cada abordagem lida com aspectos internos versus externos do comportamento, e como isso possa influenciar as estratégias de intervenções.

As aplicações práticas do interbehaviorismo na psicoterapia geral podem ser significativas. Ao considerarmos o contexto completo do comportamento, os terapeutas podem identificar fatores ambientais que contribuem para comportamentos problemáticos, permitindo intervenções mais eficazes, direcionadas não apenas ao indivíduo, mas também às mudanças no ambiente que podem facilitar a modificação comportamental. Em casos de ansiedade social, ao invés de focar apenas nos sintomas internos, o interbehaviorismo encorajaria uma análise das interações sociais específicas e dos contextos que desencadeiam a ansiedade.

No mundo atual, o interbehaviorismo torna-se muito importante no estudo do comportamento digital. As interações constantes com a tecnologia cria novos ambientes que influenciam nosso comportamento de maneiras sem precedentes. Ao analisarmos essas interações através da perspectiva interbehaviorista nos ajuda a compreender fenômenos como dependência digital, cyberbullying e a maneira como as redes sociais moldam nossa visão e ações. Ao considerar o contexto tecnológico do campo intercomportamental, podemos desenvolver estratégias para lidar com os desafios comportamentais emergentes.

Essa perspectiva oferece novas maneiras de abordar problemas como saúde mental e vício em tecnologia e redes sociais. Quando entendemos o comportamento como resultado de interações complexas com o ambiente digital, podemos desenvolver estratégias de intervenção que consideram o contexto tecnológico em que vivemos. Programas de reeducação digital podem ser estruturados para modificar não apenas o uso individual da tecnologia, mas também para influenciar o design das plataformas digitais de maneira a promover interações mais saudáveis.

Para ilustrar o interbehaviorismo, pense em como reagimos às notificações no smartphone. Cada vez que ouvimos o som de uma notificação de nova mensagem, não é apenas um estímulo isolado, envolve nossa história com o dispositivo, a expectativa de comunicação, o contexto social (por exemplo, se estamos esperando uma mensagem importante) e o ambiente físico em que estamos. Compreender isso pode ajudar a explicar por que é tão difícil ignorar essas notificações e como elas podem influenciar nosso comportamento de maneira profunda, afetando nossa atenção e produtividade.

Claro, o interbehaviorismo não está isento de críticas. Alguns argumentam que sua complexidade teórica dificulta a aplicação prática e a falta de ênfase em processos internos limita sua capacidade explicativa em relação a fenômenos como pensamentos e emoções - assim como a ciência do comportamento em geral. Sua abordagem abrangente pode ser vista como menos objetiva em comparação com métodos mais experimentais, como de Skinner, o que pode dificultar a validação empírica de seus princípios. Essas críticas podem destacar algumas necessidades do equilíbrio entre teoria e aplicabilidade.

Apesar das críticas, o legado de Kantor é inegável. Sua contribuição para a psicologia e ciência do comportamento abriu novas perspectivas e influenciou outros pensadores a considerar o comportamento humano de maneira mais integrada e contextualizada. Seu trabalho continua a inspirar debates e pesquisas sobre como melhor compreender a complexidade das interações humanas.

O interbehaviorismo tem uma clareza nos estudos e descreve muitos fatores responsáveis pelo comportamento, ele nos convida a entender o comportamento de forma ampla no espectro de influências que moldam nossas ações. Essa perspectiva pode nos dá uma compreensão de nós mesmo e do ambiente em nossa volta. Agora, façamos uma reflexão: Como podemos aplicar essa perspectiva em nossa vida diária? Quais comportamentos podemos reavaliar ao considerar o contexto completo em que eles ocorrem? Fica o convite para refletirmos sobre essas questões e aprofundarmos nosso entendimento sobre nós mesmos e o mundo ao nosso redor.


Referências:

J. R. Kantor: https://en.wikipedia.org/wiki/J._R._Kantor

Psicologia intercomportamental e behaviorismo radical: algumas semelhanças e diferenças: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2741757/

Behaviorismo: https://en.wikipedia.org/wiki/Behaviorism

Uma Introdução ao Interbehaviorismo: Contribuições para uma Ciência Natural do Comportamento: https://periodicos.ufpa.br/index.php/rebac/article/view/16582

A origem e evolução da psicologia intercomportamental: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4294585/mod_resource/content/1/The%20origin%20and%20evolution%20of%20interbehavioral%20psychology%20_%20Kantor%201973.pdf

Entendendo sobre a extinção de comportamentos

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Ouça o artigo:

 

Já parou para pensar em como nosso comportamento é moldado ao longo da vida? Desde coisas simples, como aprender a apertar um interruptor para acender a luz, até hábitos mais complexos, como a necessidade de checar o celular a cada cinco minutos, tudo é resultado de um processo de aprendizagem. A ciência do comportamento, nos ajuda a entender como aprendemos, mantemos e, muitas vezes, desaprendemos essas ações. Imagine, que você tem o hábito de dar um biscoito para seu cachorro sempre que ele late. Um belo dia, você decide que não quer mais esse comportamento e para de oferecer o biscoito. Inicialmente, ele pode latir mais, tentando obter a recompensa e sua atenção. Mas, com o tempo, ele percebe que não vai ganhar nada e para de latir. Isso é o que chamamos de "extinção" no comportamento: a diminuição de uma resposta previamente reforçada quando o reforço (o biscoito, no caso) é retirado.

Agora, falando de maneira mais técnica, a extinção é um processo fundamental dentro da ciência do comportamento. Ela ocorre quando uma resposta, previamente reforçada, deixa de ser recompensada, levando à diminuição ou até à eliminação dessa resposta. Existem alguns princípios básicos da extinção que ajudam a entender esse processo. Primeiro, é importante perceber que a extinção não é o mesmo que "apagar" o aprendizado. Embora o comportamento possa diminuir ou desaparecer, a memória original ainda está lá, guardada em algum lugar do cérebro. Isso explica, por que alguns comportamentos podem retornar após um tempo de esquecimento ou mudança de contexto.

Um dos fenômenos mais curiosos é a "recuperação espontânea", que é quando um comportamento extinto reaparece após algum tempo, mesmo sem reforço. Outro fenômeno é a "renovação", que acontece quando um comportamento retorna ao ser testado em um contexto diferente do ambiente de extinção. Há também a "reinstalação", que ocorre quando o reforço original é reintroduzido após a extinção, fazendo o comportamento retornar rapidamente.

Então, o que acontece dentro do nosso cérebro e do nosso comportamento durante a extinção? Em alguns estudos é mostrado que há mecanismos comportamentais e neurobiológicos trabalhando em conjunto. Quando um comportamento é extinto, não é que o cérebro "apaga" a memória original. Em vez disso, ele cria novas memórias que competem com as antigas. É como se ele estivesse aprendendo algo novo: "Ok, antes eu fazia isso e funcionava, mas agora não funciona mais". A extinção envolve áreas específicas do cérebro, como o córtex pré-frontal, a amígdala e o hipocampo, responsáveis por regular emoções, memória e tomada de decisões.

Agora, a influência do contexto na extinção é outra peça fundamental desse quebra-cabeça. O contexto — seja o ambiente físico ou o estado emocional — desempenha um papel fundamental em como e quando a extinção ocorre. O contexto é tudo que possa influenciar. Imagine que você está tentando parar de fumar. Em casa, longe de qualquer gatilho, pode ser mais fácil resistir ao desejo. Mas, ao voltar ao ambiente do trabalho, onde você costumava fumar durante as pausas, o desejo pode retornar com força total. Isso porque o contexto original reforça a memória do comportamento, dificultando sua extinção.

Essa influência do contexto se torna ainda mais interessante quando entendemos que ele pode servir como um “definidor” da extinção. Quando o comportamento é extinto em um contexto, ele pode retornar quando testado em um novo contexto. Essa "renovação" do comportamento sugere que o contexto original da extinção mantém um controle significativo sobre o comportamento, funcionando quase como um "freio" que é liberado quando o contexto muda. A compreensão desses mecanismos é essencial para intervenções comportamentais, especialmente em tratamentos de fobias, vícios e outros comportamentos indesejáveis.

Mas e as diferenças entre a extinção Pavloviana e a instrumental? A extinção Pavloviana ocorre quando um estímulo condicionado, como um som ou uma luz, é repetidamente apresentado sem o reforço que o acompanha. Por outro lado, a extinção instrumental se refere ao declínio de comportamentos voluntários quando o reforço é retirado. Apesar de compartilharem alguns princípios comuns, como a dependência do contexto e a vulnerabilidade à recuperação espontânea, a extinção instrumental envolve uma dimensão adicional de escolha e controle, já que depende da ação voluntária do indivíduo.

Falando em extinção de comportamentos instrumentais, é importante ressaltar que esses comportamentos são particularmente relevantes em nosso dia a dia. Desde ações simples, como desligar o alarme de manhã, até comportamentos mais complexos, como dirigir um carro ou usar um computador, todos são exemplos de ações aprendidas que podem passar por processos de extinção. No caso da extinção instrumental, a perda de um reforço leva a uma diminuição da resposta, mas essa extinção pode ser rapidamente revertida se o reforço for reintroduzido, um fenômeno conhecido como reaquisição.

E aqui chegamos aos fenômenos de recuperação de comportamento extinto. Como mencionei antes, o comportamento extinto pode retornar sob certas circunstâncias. Seja por meio da recuperação espontânea, da reinstalação ou da renovação, esses fenômenos mostram que o comportamento nunca é realmente "apagado". Ele pode estar adormecido, aguardando as condições certas para retornar. Isso explica, por exemplo, porque recaídas são tão comuns em tratamentos de vícios. A extinção cria uma nova aprendizagem que inibe o comportamento antigo, mas não o substitui completamente.

Quando falamos de extinção e recaída em comportamentos reforçados por drogas, o contexto se torna ainda mais complexo. A autoadministração de drogas é um comportamento complexo que envolve múltiplos processos de aprendizagem e reforço. Em alguns estudos é mostrado que a extinção de comportamentos de busca por drogas é altamente dependente do contexto e a recaída pode ser provocada por mudanças no ambiente ou pelo reaparecimento de estímulos associados ao uso de drogas. Assim, estratégias terapêuticas que consideram esses fatores contextuais têm se mostrado mais eficazes em prevenir recaídas.

Em resumo, a extinção de comportamentos é um processo complexo, influenciado por múltiplos fatores, desde os princípios básicos da aprendizagem até os mecanismos neurobiológicos e contextuais. Afinal, o comportamento humano é tão dinâmico quanto as situações que encontramos todos os dias. 




Referências:

Mecanismos comportamentais e neurobiológicos de aprendizagem de extinção pavloviana instrumental: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32970967/

A neurobiologia comportamental da aprendizagem e da memória: uma reorientação conceitual: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/7820133/

Contexto, ambiguidade e desaprendizagem: fontes de recaída após extinção comportamental: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/12437938/

Uma teoria do condicionamento pavloviano: a eficácia do reforço e do não reforço: https://www.researchgate.net/publication/239030972_A_theory_of_Pavlovian_conditioning_The_effectiveness_of_reinforcement_and_non-reinforcement

Análise comportamental e neural da extinção: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/12441048/

Contexto, tempo e recuperação de memória nos paradigmas de interferência da aprendizagem pavloviana.: https://psycnet.apa.org/record/1993-40154-001

Mecanismos de ressurgimento de um comportamento instrumental extinto: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/20658865/

Reforço do comportamento competitivo durante a extinção: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/5450360/

Recuperação espontânea: https://en.wikipedia.org/wiki/Spontaneous_recovery


Entendendo a impulsividade

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Ouça o artigo:

Em alguns casos, eu prefiro andar pela cidade para encontrar uma bebida que tanto gosto, do que ir para a academia malhar. Isso sempre me intrigou como nossos impulsos podem ditar o rumo das nossas ações, mesmo quando a razão grita para irmos na direção contrária. Ou seja, eu andar por toda a cidade para tentar achar uma bebida do que ir na academia que seria muito mais proveitoso para minha saúde não tem muita lógica, não é? A psicologia e a neurociência têm mergulhado fundo nesse tema, tentando desvendar o que nos leva a agir impulsivamente. Desde aquela vontade incontrolável de comer um pedaço de bolo até decisões mais sérias, nossos impulsos estão por toda parte, moldando nossas escolhas e influenciando nosso comportamento. Mas afinal, o que são esses impulsos e de onde eles vêm?

Os impulsos são reações automáticas que surgem sem um planejamento consciente. Eles aparecem como respostas rápidas a estímulos externos ou internos e, muitas vezes, nos pegam desprevenidos. Quando nos sentimos ameaçados, o impulso de lutar ou fugir pode nos dominar. Já em situações prazerosas, o desejo de repetir aquela sensação boa aparece sem avisar. O interessante é que esses impulsos não surgem do nada, eles são resultados de processos complexos que acontecem no nosso cérebro, envolvendo emoções, memória, e expectativas.

O exemplo de buscar uma bebida e da academia pode nos mostrar isso. É como se houvesse uma batalha constante dentro de nós: de um lado, os impulsos nos empurrando para ações imediatas; do outro, o controle tentando colocar o pé no freio. A diferença entre os dois é que o impulso é automático, rápido e muitas vezes irracional, enquanto o controle exige reflexão, análise e, principalmente, resistência. E quem nunca se sentiu dividido entre seguir um impulso ou exercer autocontrole? É uma luta interna que todos nós conhecemos bem.

Quando falamos de decisões, os impulsos desempenham um papel importante. Eles podem ser benéficos em algumas situações, como agir rapidamente em uma emergência, mas também podem nos levar a escolhas das quais podemos nos arrepender. Tomar decisões com base apenas no impulso pode ser arriscado — e muitas vezes podem nos levar a situações que não gostaríamos —, porque deixamos de considerar todas as variáveis envolvidas. É por isso que muitas técnicas de tomada de decisão incluem momentos de pausa e reflexão, para que o impulso inicial não seja o único fator a influenciar nossas escolhas.

Neurocientificamente falando, os impulsos estão profundamente ligados à nossa estrutura cerebral. Eles são principalmente regulados pelo sistema límbico, que controla nossas emoções, enquanto o córtex pré-frontal — a parte do cérebro responsável pelo pensamento racional e controle — tenta moderá-los. Em pessoas com um funcionamento normal, há um equilíbrio saudável entre essas duas áreas. No entanto, quando o córtex pré-frontal não consegue exercer seu papel adequadamente, os impulsos tomam a dianteira.

Existem algumas condições de saúde mental em que o controle dos impulsos se torna especialmente desafiador. O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um exemplo, onde a dificuldade de manter o foco e controlar impulsos é um sintoma predominante. Outros transtornos, como cleptomania (impulso incontrolável de roubar), piromania (impulso de provocar incêndios) e transtorno explosivo intermitente (explosões de raiva desproporcionais), são classificados especificamente como transtornos de controle dos impulsos, cada um com suas particularidades e desafios únicos.

No TDAH, o controle dos impulsos é uma luta diária. Indivíduos com TDAH frequentemente agem antes de pensar, interrompem conversas, e têm dificuldades em resistir a estímulos distrativos. Já nos Transtornos de Controle dos Impulsos, o problema não é a distração, mas a incapacidade de resistir a um impulso que, muitas vezes, pode ser destrutivo para si e para os outros. Ambos os casos exigem intervenções específicas e um entendimento profundo das nuances de cada transtorno.

A ciência do comportamento, por sua vez, enxerga os impulsos como respostas reforçadas ao longo do tempo. Se uma ação impulsiva é recompensada (mesmo que de forma indireta), a tendência é que ela se repita. Da mesma forma, se um impulso é sempre suprimido com punição, a resposta impulsiva pode se tornar cada vez mais intensa. Esse campo do conhecimento tenta entender como moldar o comportamento para minimizar respostas impulsivas prejudiciais e maximizar as benéficas.

Dentro da abordagem comportamental, como o reforço positivo e negativo, são amplamente utilizadas para o controle de impulsos. Essas terapias se concentram em substituir comportamentos impulsivos por respostas mais pensadas, utilizando recompensas e punições estratégicas. A ideia é criar um ambiente em que os comportamentos impulsivos sejam menos frequentes, reforçando aqueles que são mais benéficos e desejáveis.

Por outro lado, nem todos os impulsos são ruins. Na verdade, eles podem ser essenciais para a criatividade e a produtividade. Muitos artistas, escritores e inovadores relatam que seus melhores trabalhos surgiram de impulsos espontâneos. A diferença aqui está na habilidade de direcionar esses impulsos para atividades criativas ou produtivas, transformando o que poderia ser uma distração em um momento de inspiração.

Ao final, entender nossos impulsos é reconhecer uma parte fundamental de quem somos. E de fato, ele pode ser um problema para todos nós quando se torna uma patologia. Mas também ele pode proporcionar um conhecimento para compreender nosso cérebro. E claro, se ele for aproveitado pode gerar uma boa criatividade também. Afinal, é nessa dança entre razão e emoção que se encontra a riqueza da experiência humana.


Referências:

Impulsividade: https://pt.wikipedia.org/wiki/Impulsividade

Insights recentes sobre a neurobiologia da impulsividade: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4242429/

Distúrbios de controle de impulso: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK562279/

Tratamento cognitivo-comportamental para transtornos de controle de impulsos:  https://www.scielo.br/j/rbp/a/65S7wLHCWQVbBS9QBkMHsqq/?lang=en

Outro olhar sobre a impulsividade: o comportamento impulsivo poderia ser estratégico: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8168538/

 A estrutura da cognição criativa no cérebro humano: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3703539/

A criatividade artística impulsiva como apresentação de alterações cognitivas transitórias: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/1878614/

Criatividade no TDAH: direcionada a metas Motivação e especificidade de domínio: https://journals.sagepub.com/doi/pdf/10.1177/1087054717727352

Avaliação Comportamental da Impulsividade: Uma comparação de crianças com e sem transtorno de déficit de atenção e hiperatividade: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1224407/

ABA no tratamento do transtorno de comportamento agressivo e falta de controle de impulsos: https://www.appliedbehavioranalysisedu.org/aggression-and-impulse-control/