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Quando pensamos em pessoas com inteligência excepcional, é comum associarmos a eles com cérebros mais desenvolvidos ou especiais. Mas o que realmente ocorre no cérebro de indivíduos com altas habilidades, também chamados de superdotados? Será que têm cérebros maiores? Algum mecanismo que possa ajudá-los a terem um melhor desempenho em tarefas? Conexões sinápticas mais eficientes? Ou um processamento cerebral diferente? Vamos analisar melhor o que realmente pode acontecer.
No geral, associamos inteligência a obtenção de conhecimento e a habilidades como raciocínio lógico, cálculo matemático, e pensamentos abstratos e até uma grande criatividade. Essas habilidades não se manifestam da mesma maneira em todos. Algumas pessoas têm facilidade em certas áreas, enquanto enfrentam desafios em outras. A grande questão é: o que torna o cérebro de alguém com altas habilidades diferentes de uma pessoa comum?
O cérebro, assim como qualquer outra parte do corpo, precisa de energia para funcionar, usando principalmente glicose (ou cetonas) e oxigênio. No entanto, esses recursos podem ser limitados e variam de pessoa para pessoa. Algumas pessoas têm uma "reserva mental" maior, ou seja, mais energia disponível para o pensamento, e processamento de informação. Outras, mesmo com uma quantidade menor de recursos de "reserva mental", conseguem usar essa energia de maneira mais eficiente, como se fossem capazes de percorrer uma distância maior com a mesma quantidade de "combustível".
Uma das coisas que mais acho interessante é o potencial que algumas dietas podem nos proporcionar e se tratando do cérebro. Em alguns estudos foram demonstrados que a cetose pode otimizar a função cerebral, fornecendo uma reserva de energia que pode sustentar períodos prolongados de concentração e criatividade. Em um mundo atual onde a tomada de decisões e a inovação são essenciais, ter acesso a essa "turbinada" mental pode ser um diferencial, mostrando que os corpos cetônicos são mais do que um simples combustível: são a faísca para a genialidade.
A dieta cetogênica, famosa hoje por seus benefícios na perda de peso e saúde metabólica, na verdade, tem raízes muito mais profundas que se possa imaginar. Originalmente desenvolvida na década de 1920, a dieta foi criada como uma intervenção terapêutica para crianças com epilepsia refratária, quando os medicamentos anticonvulsivantes não ofereciam alívio. Pesquisadores descobriram que, ao forçar o corpo a entrar em cetose, o estado metabólico onde a gordura é convertida em corpos cetônicos para energia, era possível reduzir drasticamente o número de convulsões.
Com o passar do tempo, cientistas começaram a perceber que os benefícios da cetose iam além do controle da epilepsia. E observaram que os corpos cetônicos não apenas protegem o cérebro contra danos neurológicos, mas também têm um efeito neuroprotetor, promovendo a regeneração de neurônios e a melhoria da função mitocondrial. Isso chamou a atenção de pesquisadores interessados no impacto da dieta cetogênica em doenças neurodegenerativas como Alzheimer e Parkinson, mostrando potencial para melhorar a cognição e desacelerar o declínio cognitivo.
Agora, existem muitas hipóteses para a eficiência cerebral no qual possa melhorar o desempenho para tarefas cognitivas. Muitas delas abrange aspectos neurológicos, fisiológicos e até psicológicos comportamentais.
A hipótese da reserva cognitiva sugere que algumas pessoas têm uma "reserva mental" maior, influenciada por fatores como educação, atividades intelectualmente estimulantes e um estilo de vida ativo. Já a hipótese da plasticidade cerebral destaca a capacidade do cérebro de reorganizar e ajustar suas conexões em resposta a novas informações, permitindo uma adaptação contínua para otimizar o processamento das tarefas. E por fim, a hipótese da conectividade, por sua vez, sugere que cérebros mais eficientes possuem conexões neurais mais fortes e bem integradas, o que facilita uma melhor cognição e um processamento de informações mais eficaz.
Mas nem tudo são flores com pessoas com hiperfoco, flexibilidade cognitiva, grande capacidade de adaptação e mais. Em muitos casos, isso pode gerar grandes transtornos mentais como depressão e ansiedade, e também dificuldades sociais e com uma tendência ao isolamento.
E sempre é bom lembrar que crianças superdotadas de grande inteligência podem ser diagnosticadas com transtornos como especto autista, que podem ser um desafio para a vida social. Enfim, ter um cérebro realmente poderoso pode ter alguns problemas para se enfrentar.