Prática de respiração

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Sabe aquela sensação de estar afogado em tarefas no trabalho, sentindo que o estresse parece tomar conta? Pois é, acredito que a maioria já passou por isso em algum momento, eu também já passei por isso. E foi nesse meio tempo que comecei a olhar para uma solução que não demanda muito tempo ou espaço: os exercícios de respiração profunda. Em alguns momentos eu sempre já procurei estudos que falassem sobre este tema, e comecei a praticar exercícios respiratórios há uns 10 anos atrás. Praticar eles não é difícil, e não precisa de equipamento ou preparação especial, e ainda pode ser feito a qualquer momento que achar necessário. Eu fiquei fascinado ao descobrir que essa prática simples, feita com frequência, pode ajudar a reduzir a pressão arterial e aliviar o estresse — tudo isso com um impacto direto na nossa saúde cardiovascular.

A respiração profunda tem raízes em várias práticas antigas, como o Pranayama no Yôga, que já falava sobre os benefícios de controlar o ritmo respiratório. Ela é incrivelmente acessível, e essa é uma das maiores vantagens para quem trabalha em um ambiente sedentário ou passa longas horas em frente ao computador. Aliás, cada vez mais estudos apontam que o sedentarismo e o estresse constante do trabalho são dois dos grandes vilões da saúde cardiovascular. Com tantas pessoas enfrentando níveis de estresse altíssimos, os problemas de coração viraram uma preocupação de saúde pública. Imagine só: a gente passa boa parte da vida adulta no trabalho, o que torna esse ambiente propício para praticar e implementar pequenas mudanças que, no fim, podem ter um impacto gigante na saúde.

Para quem, assim como eu, já tentou encaixar uma rotina de exercícios físicos e sentiu dificuldade em manter o ritmo, a respiração profunda é uma alternativa prática e eficaz. Claro, não estou dizendo que ela substitui atividades físicas completas, mas, para quem não consegue manter uma regularidade de treino, esses exercícios respiratórios podem ser um ótimo complemento. Eles acabam servindo como uma porta de entrada para um estilo de vida mais ativo, ainda que de maneira sutil.

Esses exercícios envolvem diferentes técnicas, como respiração diafragmática e a famosa respiração abdominal. A ideia é simples: inspirar e expirar em um ritmo mais lento e controlado, permitindo que o corpo entre em um estado de relaxamento quase que automático. No começo, eu achei meio estranho, e não conseguia manter o ritmo por muito tempo, mas logo percebi como esse tipo de respiração ajudava a dar uma "pausa" na correria mental do dia a dia. Mesmo que você tenha apenas cinco minutos para fazer isso, já consegue notar alguma diferença. É como se fosse um “mini reset” que dá para fazer sem precisar sair da mesa de trabalho.

Uma prática regular de respiração profunda pode trazer efeitos fisiológicos notáveis. Em alguns estudos é apontado que em algumas semanas de prática, a pressão arterial pode diminuir de forma significativa. Inclusive, essas quedas na pressão arterial podem ser comparáveis às obtidas com outras mudanças de estilo de vida, como dietas específicas e a prática de exercícios aeróbicos. Confesso que fiquei surpreso ao descobrir que algumas pessoas conseguem reduzir até 5 mmHg na pressão sistólica. Pode não parecer muito, mas, do ponto de vista clínico, esses números têm um impacto real na redução do risco de doenças cardíacas.

A prática também ajuda a controlar o sistema nervoso, promovendo um equilíbrio maior entre as atividades simpáticas e parassimpáticas. Eu, por exemplo, percebi que meu coração não disparava tanto em momentos de tensão depois de algumas semanas praticando a respiração profunda. Esse equilíbrio na atividade do sistema nervoso reduz a probabilidade de picos de estresse que, como sabemos, são um prato cheio para o desenvolvimento de problemas cardíacos a longo prazo.

Mas não são só os efeitos físicos que chamam a atenção. A respiração profunda também impacta diretamente nossa saúde mental. Para mim, esse foi um dos pontos mais surpreendentes. Eu comecei a sentir uma espécie de calma natural, como se a ansiedade diminuísse progressivamente a cada semana de prática. Em dias mais tensos, como naquelas reuniões importantes ou prazos apertados, alguns minutos de respiração profunda fizeram com que eu me sentisse mais centrado e no controle. Parece simples, mas reduzir a frequência de picos de ansiedade já ajuda, e muito, no bem-estar geral.

Uma coisa que notei é que a respiração profunda é particularmente eficaz para conter ataques de pânico e momentos de angústia. Durante uma crise, controlar a respiração se torna essencial para impedir que o corpo entre naquele ciclo vicioso de hiperventilação e desespero. Basta alguns minutos respirando profundamente para trazer de volta a sensação de controle e evitar que o pânico domine completamente a situação. E, por mais que seja algo sutil, esse autocontrole se traduz em um aumento de confiança para lidar com outras situações estressantes.

Outro ponto importante que percebi ao longo da prática é que o estresse não é só uma questão psicológica, ele afeta diretamente nossa saúde física e, especificamente, o coração. O ambiente de trabalho pode ser um gatilho constante para o estresse, e isso não é exclusividade de uma ou outra pessoa. É algo estrutural, que atinge a grande maioria das pessoas hoje em dia. Aliás, uma pesquisa recente mostrou que 85% dos trabalhadores relatam que o estresse do trabalho impacta sua saúde mental. E, em muitos casos, o aumento do estresse está relacionado a problemas como a hipertensão, que, por sua vez, é um dos maiores fatores de risco para doenças cardíacas.

Para piorar, um volume cada vez maior de pessoas se vê preso a jornadas de trabalho intensas, com mais de 49 horas semanais, o que aumenta em 70% a chance de desenvolver pressão alta. Somado a isso, a pressão para sempre manter um desempenho excelente, somada ao pouco apoio dos superiores, torna o ambiente de trabalho um terreno fértil para o esgotamento mental e físico. Esse desgaste constante acaba deixando as pessoas mais vulneráveis a doenças, especialmente as cardiovasculares. E, para quem vive essa realidade, a prática de respiração profunda surge como uma ferramenta simples e acessível para reduzir os efeitos do estresse e dar uma trégua ao corpo.

Por outro lado, também me dei conta de que nem sempre é fácil implementar o hábito da respiração profunda. A maior dificuldade, na minha opinião, é manter a regularidade. No início, até dá para fazer uma ou duas vezes por semana, mas, como todo hábito, é preciso persistência para se manter no ritmo. Para facilitar, as empresas poderiam incentivar essa prática, criando um ambiente que valorize pausas regulares e oferecendo pequenos incentivos. Já existe, inclusive, a sugestão de incluir intervalos específicos para a respiração, além de fornecer aplicativos que guiem o exercício de forma prática e acessível. Aplicativos de respiração e meditação são cada vez mais comuns, e muitos deles oferecem lembretes para que a gente não esqueça de dar aquela pausa necessária.

Por fim, a respiração profunda pode ser uma ferramenta de muito essencial não só no ambiente de trabalho, mas em diversos contextos. Imagine, por exemplo, jovens que enfrentam altos níveis de estresse na escola ou esportistas que lidam com ansiedade de desempenho. Todos esses grupos podem se beneficiar de momentos de pausa para respirar e encontrar o próprio equilíbrio.

Para quem não pode ou não quer investir em atividades físicas tradicionais, como pessoas com limitações físicas ou idosos com mobilidade reduzida, a respiração profunda é uma alternativa acessível que pode trazer benefícios reais. Não se trata apenas de “parar para respirar”, mas de encontrar um ritmo que permita ao corpo entrar em um estado de relaxamento e autocontrole, ajudando a lidar com o estresse e a pressão do cotidiano de uma forma mais saudável e equilibrada.


Referências

Os efeitos fisiológicos da respiração lenta no ser humano saudável  https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC5709795/

Compreender as influências psicológicas e sociais nas pausas dos trabalhadores de escritório; uma análise temática https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/08870446.2020.1764954

Como o controle da respiração pode mudar sua vida: uma revisão sistemática dos correlatos psicofisiológicos da respiração lenta https://www.frontiersin.org/journals/human-neuroscience/articles/10.3389/fnhum.2018.00353/full

O efeito da respiração diafragmática na atenção, no efeito negativo e no estresse em adultos saudáveis https://www.frontiersin.org/journals/psychology/articles/10.3389/fpsyg.2017.00874/full

Efeitos do estresse no desenvolvimento e progressão de doenças cardiovasculares  https://www.nature.com/articles/nrcardio.2017.189

Pausas de reforço: uma política de local de trabalho fácil de implementar, projetada para melhorar a saúde dos funcionários, aumentar a produtividade e reduzir custos com cuidados de saúde https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/15555240.2011.540991

 Treino respiratório de 5 minutos reduz a pressão arterial tanto quanto exercícios e medicamentos  https://www.colorado.edu/today/2021/06/29/5-minute-breathing-workout-lowers-blood-pressure-much-exercise-drugs

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