Sempre me questionei de como o mundo está se tornando uma distopia cyberpunk, e o que está acontecendo atualmente com nossa sociedade parece ser algo inevitável. Vejo que nossa sociedade está caminhando por um caminho cada vez mais tecnológico, mas que seja sombrio. Não é difícil perceber: as câmeras que vigiam cada vez mais, os dados que as maiores empresas e governos coletam a cada clique, as redes sociais que moldam nossos comportamentos de forma quase automática, esses são alguns deles. Faz sentindo que a moda de cyberpunk deu uma grande pausa. É como se estivéssemos começando a viver naqueles filmes futuristas onde o controle está por toda parte, só que, neste caso, o "inimigo" é invisível – é o algoritmo, o sistema, a lógica do lucro. Me pergunto para onde o futuro está caminhando. Quero explorar algumas análises e reflexões sobre o que estamos vivendo no mundo atual. Vou abordar alguns temas que muitos de nós, em algum momento, já sentiram, mas que talvez ainda não tenha parado para analisar profundamente. Minha ideia não é trazer respostas definitivas, mas provocar uma reflexão conjunta.
Vivemos em um tempo em que o capitalismo moderno, com seu foco extremo no individualismo e no consumismo, está transformando profundamente a maneira como nos relacionamos com o mundo. A vida humana, muitas vezes, é reduzida a uma medida de produtividade. O valor de um indivíduo parece estar cada vez mais associado ao que ele pode gerar de lucro, seja para uma empresa, seja para o mercado todo. E isso nos afasta de uma noção mais ampla de comunidade, de bem-estar coletivo. Não é raro sentir que, em vez de sermos valorizados pelo que somos como seres humanos, somos apenas peças substituíveis em uma engrenagem que nunca para. Esse sistema, centrado no acúmulo de bens e riqueza, cria sociedades fragmentadas, onde as interações se tornam cada vez mais impessoais.
Às vezes, me pego pensando: será que estamos nos tornando apenas números para empresas? As interações sociais, principalmente no ambiente de trabalho, parecem estar cada vez mais automatizadas, impessoais. Muitas vezes o contato humano está sendo substituído por e-mails, reuniões virtuais em um ritmo de produtividade para empresas, e muitas vezes não permitindo pausas para conversas. A desumanização está presente em pequenas coisas, como quando passamos mais tempo interagindo com algoritmos do que com pessoas. Tudo de fato está começando a ser automatizado. E isso me leva a questionar: estamos, de fato, caminhando para uma distopia, onde a vida cotidiana é permeada pela ausência de calor humano? Quando deixamos de ver mutualmente como seres humanos para enxergá-los como máquinas de produtividade, perdemos o que há de mais essencial em nós.
Essa transformação também se reflete no aumento do poder das grandes corporações tecnológicas e financeiras. Empresas gigantescas, que controlam não só a economia, mas também os dados e até mesmo influenciam as políticas públicas. Estamos vendo essas corporações assumirem papéis que, tradicionalmente, eram dos governos. Quem controla as informações têm o poder, e essas empresas têm cada vez mais o controle sobre o que consumimos, pensamos e, até mesmo, acreditamos. Elas moldam comportamentos, ditam tendências e possuem mais informações sobre nós do que podemos imaginar. E isso levanta a pergunta: até onde vai esse poder? Quando corporações começam a ditar regras em áreas como saúde, segurança e educação, qual é o limite entre o que é melhor para a sociedade e o que é mais lucrativo para elas?
E se esse caminho nos leva a um mundo onde as corporações têm mais poder do que governos eleitos? O impacto de um sistema onde o lucro corporativo dita as regras da sociedade pode ser devastador. Imagine um cenário onde as decisões sobre saúde, segurança e educação não são feitas com base no bem-estar coletivo, mas no que é mais lucrativo para uma empresa. Isso já está acontecendo, em certa medida. Empresas de tecnologia lucram com a venda de dados pessoais e muitas outras situações que colocam o lucro acima das pessoas. Até o sistema prisional privado já está gerando lucro para empresas. Se não houver um equilíbrio, arriscamos viver em uma sociedade onde os interesses financeiros de poucos prevalecem sobre os direitos da maioria.
A tecnologia, que prometia nos libertar, também trouxe consigo o crescente monitoramento digital. O reconhecimento facial, a coleta de dados e os algoritmos de vigilância são alguns que já fazem parte do nosso cotidiano, muitas vezes de forma invisível. Em seu computador, em seu celular já existe o reconhecimento facial, até mesmo em bancos já estão começando a usar telemetria. Tudo o que fazemos online está sendo monitorado e registrado. Os dispositivos que carregamos no bolso, como nossos celulares, são uma porta de entrada para esse controle. Muitas empresas, como Google, Apple já sabem sua localização, ou os lugares que frequentou. Cada clique, cada busca, cada interação é transformada em dados que alimentam uma gigantesca máquina de vigilância. As empresas dizem que isso é para nosso benefício, para personalizar nossas experiências e aumentar nossa segurança, mas até que ponto estamos realmente seguros? Será que estamos cedendo nossa liberdade em troca de conveniência?
A privacidade, outrora um direito fundamental, está desaparecendo aos poucos. Em nome da segurança e da conveniência, estamos abrindo mão de direitos que antes considerávamos invioláveis. Damos acesso a nossos dados em troca de facilidades cotidianas, sem pensar nas consequências a longo prazo. Quem controla esses dados? Quem decide como serão usados? E o que acontece quando alguém decide usar essas informações contra nós? Estamos, conscientemente ou não, renunciando a nossa liberdade por um controle invisível que se faz presente em cada canto da nossa vida. A pergunta que fica é: até onde estamos dispostos a ir para nos sentirmos seguros?
Estamos testemunhando a proliferação da desinformação e das fake news, uma ferramenta poderosa de manipulação usada tanto por corporações quanto por governos. A mídia e as redes sociais, que deveriam ser um espaço de troca de informações e ideias, muitas vezes se tornam veículos de controle e manipulação. As fake news se espalham com uma velocidade assustadora, moldando opiniões, influenciando decisões políticas e criando divisões sociais. Quem controla a narrativa, controla a percepção do que é real e do que não é. E nesse cenário, a verdade se torna algo cada vez mais escasso.
Me pergunto se estamos nos aproximando de uma realidade onde a verdade não importa mais. Uma realidade em que o que vale é a narrativa mais conveniente para aqueles no poder, sejam eles governos ou corporações. Se a manipulação da informação se torna a norma, como saberemos em quem ou no que confiar? A ideia de uma sociedade onde a verdade é irrelevante é assustadora. Ela nos coloca em um terreno instável, onde nossas crenças podem ser moldadas e manipuladas de acordo com interesses alheios. Isso pode nos levar a uma sociedade completamente desconectada da realidade, onde a confiança entre as pessoas e nas instituições é completamente erodida.
E há ainda a ilusão do progresso. Vivemos em uma época em que o progresso contínuo é visto como inevitável, como se estivéssemos sempre avançando rumo a um futuro melhor. Mas será que isso é verdade? Em muitos aspectos, estamos regredindo. A desigualdade está aumentando, os direitos humanos estão sendo desrespeitados em várias partes do mundo e o meio ambiente está sendo devastado. O que significa progresso se não for para todos? Às vezes, o que chamamos de avanço tecnológico apenas aprofunda as divisões entre ricos e pobres, entre quem tem poder e quem não tem.
Olhando para o futuro, será que o progresso tecnológico nos está levando realmente para um mundo melhor? Ou estamos cegamente caminhando para uma distopia tecnológica? Os avanços na área de inteligência artificial, robótica e automação são impressionantes, mas também assustadores. Estamos criando máquinas cada vez mais poderosas, capazes de substituir o trabalho humano, mas será que estamos preparados para as consequências disso? A tecnologia deve servir às pessoas, e não o contrário. Se perdermos esse foco, corremos o risco de construir um futuro onde a tecnologia, em vez de libertar, oprime.
Essas foram algumas reflexões que tive para compartilhar. Alguns autores de ficção científica já questionaram como o mundo está caminhando para uma realidade que, por muito tempo, parecia distante ou impossível. Hoje, o que antes era apenas cenário de livros e filmes futuristas começa a se misturar ao nosso cotidiano. As questões que levantei não são apenas teóricas ou filosóficas, elas já estão presentes em nossa vida, mesmo que de forma sutil. O que os escritores imaginavam para daqui a séculos, estamos vivendo em uma escala acelerada. A tecnologia avança, as corporações crescem, e as relações humanas, aos poucos, se transformam.
Isaac Asimov, discutia o papel da robótica e da inteligência artificial de forma quase visionária. Ele via como essas tecnologias poderiam, em um futuro, dominar aspectos essenciais da vida humana. Mas o ponto é que, por mais que essas reflexões pareçam distantes, estamos cada vez mais próximos desse cenário. Outros autores, como Philip K. Dick, abordavam a ideia de realidades distorcidas, onde a verdade era manipulada de formas inimagináveis. Olhando para o nosso tempo atual, com a disseminação de fake news e o controle da informação, é inevitável fazer essa conexão.
Para finalizar, futuramente vou falar um pouco desses autores e outros no meio da ficção científica. É um das áreas que eu mais gosto, e garanto que todos nós podemos tirar bons conhecimentos.