Um pouco sobre a neuroplasticidade

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Neuroplasticidade é um daqueles conceitos que sempre me fascinaram. Basicamente, é a capacidade do nosso cérebro de se adaptar e mudar em resposta a diferentes estímulos, sejam eles internos ou externos. Esse processo pode ser incrível para a recuperação de funções perdidas após uma lesão, como um AVC ou um trauma craniano, mas também pode trazer alguns desafios quando as mudanças não são tão positivas.

O processo de neuroplasticidade pode ser observado em diferentes situações do dia a dia, quando aprendemos uma nova habilidade, seja tocando um instrumento musical, aprender um novo idioma, ou até mesmo um novo esporte, nosso cérebro vai criando novas conexões neurais. Essas novas conexões se fortalecem à medida que vamos praticando ou nos desenvolvendo, e assim tornando a execução bem mais fácil e automática com o tempo. É como se estivéssemos moldando o cérebro, treinando-o para ser mais eficiente em tarefas, essa é uma das formas positivas que podemos observar dentro da neuroplasticidade.

O que realmente chama atenção dela é como o cérebro pode reagir a lesões, como acidente vascular cerebral (AVC), ou algum trauma no cérebro. Nessas situações, a neuroplasticidade se torna um verdadeiro mecanismo no qual é para sobrevivência. Quando uma parte do cérebro é danificada, ele tenta compensar essa perda de função utilizando outras áreas que não foram afetadas. Nos primeiros dias, após a lesão, o cérebro já começa a ativar esse mecanismo para manter as funções vitais. Com o passar do tempo, ele continua a se adaptar, formando novas conexões e reorganizando para tentar restaurar ao máximo as funções perdidas.

Essa ideia de que o cérebro pode continuar a se desenvolver e mudar ao longo da vida é relativamente nova dentro da ciência. Antigamente, acreditava-se que o cérebro era "fixo" após a infância e as conexões neurais que não fossem estabelecidas durante os primeiros anos de vida estavam perdidas. Mas pesquisas recentes mostraram que, mesmo em adultos, o cérebro continua a ser altamente plástico. Ou seja, isso significa que nunca é tarde para aprender algo novo ou para se recuperar de uma lesão cerebral.

Claro, a neuroplasticidade não é sempre algo positivo. Em alguns casos as mudanças no cérebro podem levar a resultados indesejados, um fenômeno conhecido como plasticidade má adaptativa. Um fenômeno curioso é a dor fantasmas, que muitas pessoas experimentam após a amputação de um membro, apesar do membro não estar presente, o cérebro ainda "sente" dor, como se o membro ainda estivesse lá. Isso ocorre porque as áreas do cérebro que antes eram responsáveis por sentir o membro amputado se reorganizam de maneira errada, levando a sensações dolorosas. Outro exemplo de plasticidade má adaptativa é a distonia, uma condição onde os músculos se contraem involuntariamente, causando movimentos repetitivos e dolorosos. 

As dietas relacionada a neuroplasticidade do cérebro são muito importante também, elas podem ter um grande impacto na neuroplasticidade. Certos suplementos alimentares estão sendo estudados por seu potencial de estimular a criação de novas conexões neurais. Mas talvez o mais importante seja reduzir o estresse e garantir uma boa qualidade de sono. Muitos estudos têm mostrado que o estresse crônico e a privação de sono podem prejudicar seriamente a memória e a capacidade de atenção, o que sugere que um ambiente calmo e uma boa noite de sono são essenciais para manter o cérebro funcionando de forma ideal.

O papel da neuroplasticidade na recuperação e na manutenção da saúde cerebral é enorme, e o que sabemos até agora é só o começo. Cada descoberta sobre como o cérebro se adapta e muda abre portas para novas terapias e tratamentos que podem melhorar a vida de milhões de pessoas ao redor do mundo. E o mais empolgante é pensar que, à medida que continuamos a explorar esse campo, podemos desenvolver intervenções cada vez melhores para ajudar o cérebro a se curar e se adaptar, não apenas após lesões, mas também ao longo da vida.

O que mais me encanta na neuroplasticidade é essa grande capacidade de aprendizado e adaptação. Poder aprender, e adaptar o cérebro ao longo da vida é algo verdadeiramente fascinante de observar. A neuroplasticidade nos mostra que nunca é tarde para mudar, aprender algo novo ou se recuperar de uma adversidade que ocorre. O cérebro, com toda a sua complexidade, continua a ser um dos maiores mistérios da ciência, e a neuroplasticidade é uma das chaves para desvendar esses mistérios.



Referências:

Neuroplasticidade https://jornal.usp.br/radio-usp/cerebro-tem-capacidade-de-se-reconfigurar-e-ser-treinado-para-melhores-resultados/

Neuroplasticidade em Lesões Cerebrais: https://bjihs.emnuvens.com.br/bjihs/article/view/2238

A gênese cerebral da imagem corporal: algumas considerações sobre o fenômeno dos membros fantasmas em Ramachandran: https://www.scielo.br/j/physis/a/kVsCRLQk3Xy3YZy9dwkv6fD/ 

Distonias: https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-neurol%C3%B3gicos/transtornos-de-movimento-e-cerebelares/distonias

O curioso caso de Phineas Gage: https://pintofscience.com.br/blog/o-curioso-caso-de-phineas-gage/

As influências combinadas do exercício, dieta e sono na neuroplasticidade: https://www.frontiersin.org/journals/psychology/articles/10.3389/fpsyg.2022.831819/full

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