Entendendo os sonhos

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Sonhar é uma das coisas mais curiosas que se pode ter. Nosso cérebro não para de funcionar mesmo quando estamos dormindo.Você está dormindo tranquilamente e sonha com alguma coisa. Isso levanta a questão: "Por que sonhei com aquilo?" Sonhar é um fenômeno muito mais complexo do que se imagina, e compreender esse processo pode ser bastante intrigante. Vamos tentar entender como os sonhos podem ocorrer.

Uma das razões pelas quais sonhamos com pessoas ou situações que vivenciamos durante o dia está relacionada à forma como nosso cérebro processa e consolida memórias, um processo complexo. Durante o dia, nosso cérebro constantemente absorve novas informações, muitas das quais são armazenadas temporariamente no hipocampo. À noite, enquanto dormimos, o cérebro reproduz e consolida essas memórias do  dia, e fortalecendo as conexões entre os neurônios. Uma das teorias sugere que o cérebro realiza essa consolidação ativando as vias neurais associadas a cada memória, essencialmente “praticando” as conexões para solidificá-las.

Essa reativação pode se manifestar em nossos sonhos, onde vemos pessoas que encontramos anteriormente, ou objetos ou até mesmo situações frequentemente em cenários bizarros ou distorcidos. É como se nosso cérebro estivesse arquivando memórias, atualizando nossos bancos de dados internos e reorganizando nossos arquivos mentais. Nosso cérebro tem uma tendência a combinar padrões, ele reconhece rostos e comportamentos familiares, o que pode levar à criação de novos cenários de sonho com pessoas que já vimos antes, criando situações curiosas e até assustadoras. Isso ocorre porque o cérebro está programado para reconhecer padrões, desde as formas mais simples até sinais complexos, e está constantemente tentando dar sentido ao mundo ao buscar esses padrões.

Pesquisas sugerem que a rede de modo padrão do cérebro, responsável pela introspecção e autorreflexão, está ativa durante o sonho. Acredita-se que essa rede esteja envolvida em tarefas como a viagem mental no tempo, onde revivemos experiências passadas, e a teoria da mente, onde imaginamos os estados mentais dos outros. Isso poderia levar à criação de cenários de sonho que apresentam pessoas que já vimos antes, à medida que nossos cérebros tentam dar sentido às nossas relações e experiências sociais.

O neurotransmissor noradrenalina, que regula a excitação e a atenção, é suprimido durante o sono REM, fase em que ocorre a maioria dos sonhos. Essa supressão pode contribuir para a natureza surreal e muitas vezes ilógica dos sonhos, onde pessoas que vimos anteriormente podem aparecer em contextos inesperados. Sonhar é muito complexo do que se espera, e isso é apenas uma parte dela.


Referências

O hipocampo desempenha um papel seletivo na recuperação de memórias contextuais detalhadas: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2928141/

Sonhos e Consolidação de Memória Desconectada: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4704085/

Rede de modo padrão: https://www.o8t.com/blog/default-mode-network

Boa noite e boa sorte: norepinefrina na farmacologia do sono: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2812689/

Neurobiologia do Sono sob uma Perspectiva Clínica: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3119826/

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