O sol parecia quente quando Antônio via as ruas de sua janela. Carros passando e a cidade toda cheia, todos indo de um lado para o outro. Ao observar tudo isso, Antônio permitia que sua mente divagasse um caminho desconhecido, era uma sensação boa pensava ele. Era como uma brisa refrescante em que dava para sentir momentos antigos e fantásticos. O sol, o céu azulado, o verde das planícies permitiu isso. Ele sorri enquanto sua mente dança em um balé de devaneios, uma bela sinfonia de pensamentos livres de realidades. Que sensação gostosa essa, pensava ele enquanto deixava seus pensamentos fluírem.
Você já se pegou sonhando acordado, imaginando cenários hipotéticos ou fantásticos, ou aqueles suaves momentos em que passou antigamente? Esses momentos nos transportam para um mundo de imaginação, nos proporcionando reflexão. Uma sutil sensação que vem a nós de uma maneira que não sabemos o motivo. Mas que sensação é essa? Devaneios são processos mentais nos quais a imaginação humana se liberta das restrições da realidade e cria cenários alternativos, fantasias ou desejos ou até mesmo uma visualização de momentos passados. Eles são uma parte essencial da experiência do ser humano, pois permitem que as pessoas explorem diferentes possibilidades, expressem sua criatividade e encontrem soluções para problemas que enfrentam no cotidiano. Muitos deles podem ter benefícios emocionais, como aliviar o estresse, aumentar a autoestima e melhorar o humor. Não são apenas uma forma de escapismo, mas também uma ferramenta cognitiva que pode ajudar as pessoas a alcançarem seus objetivos e a se adaptarem às mudanças.
Os devaneios são definidos como pensamentos que não estão relacionados ao que estamos fazendo ou ao ambiente em que estamos. Eles podem ser voluntários ou involuntários, positivos ou negativos, realistas ou fantasiosos. Podem ser sobre pessoas, lugares, eventos ou objetos que conhecemos ou nunca vimos. e também podem ser curto ou durar alguns minutos. Os devaneios são diferentes dos sonhos que temos enquanto dormimos porque mantemos algum nível de consciência e controle sobre eles. Também podemos interrompê-los se precisarmos nos concentrar em algo mais importante. No entanto, assim como os sonhos, os devaneios podem revelar aspectos do nosso subconsciente, nossos desejos, medos, emoções e personalidade.
Uma das funções dos devaneios é servir como uma forma de escapismo, ou seja, uma maneira de se afastar dos problemas ou das dificuldades da vida cotidiana. Eles podem proporcionar um alívio de estresse, pois permitem que a pessoa se imagine em situações mais agradáveis, divertidas ou gratificantes. Por exemplo, alguém que está insatisfeito com o seu trabalho pode devanear sobre uma viagem dos sonhos, um novo emprego ou uma mudança de carreira.
Os psicólogos classificam os devaneios em dois tipos principais: positivos e negativos. Os devaneios positivos são aqueles que nos fazem sentir bem, relaxados, felizes ou inspirados. Podem incluir cenários agradáveis como estar em uma praia paradisíaca, ganhar na loteria ou conhecer o amor da nossa vida e também podem ser uma forma de planejar o futuro, como imaginar como será nossa carreira, família ou casa ideal. Já os devaneios negativos são aqueles que nos fazem sentir mal, ansiosos, tristes ou irritados, podendo envolver cenários desagradáveis, como estar em uma situação perigosa, perder alguém querido ou fracassar em algo importante. Muitos deles podem ser uma forma de reviver o passado, como lembrar de experiências traumáticas, arrependimentos ou conflitos.
Em suas raízes biológicas podemos destacar que durante esses momentos, várias regiões cerebrais, incluindo o córtex pré-frontal, o córtex cingulado posterior e o hipocampo, se comunicam, construindo narrativas imaginativas. A liberação de dopamina, neurotransmissor ligado à recompensa, pode contribuir para a sensação prazerosa associada aos devaneios. Ao mesmo tempo, a desativação temporária do córtex sensorial permite que a mente se desligue do ambiente externo, mergulhando em pensamentos internos. Os devaneios ocorrem frequentemente durante períodos de descanso, indicando que a ausência de estímulos externos permite ao cérebro explorar funções internas, revelando os complexos processos biológicos por trás desta forma única de expressão mental.
Mais do que apenas um processo, os devaneios podem desempenhar um papel na exploração de si próprio e no processamento emocional, explorando suas emoções, suas ideias, novas experiências, podendo refletir os interesses, os valores, as aspirações ou até mesmo os conflitos da pessoa, e podem ajudá-la a conhecer-se melhor, a expressar-se criativamente ou a integrar as suas experiências em sua realidade. Por exemplo, você pode adquirir uma nova ideia para um projeto futuro ou encontrar inspiração para uma variedade de atividades criativas e isso pode ajudá-lo a encontrar soluções para problemas ou até mesmo explorar diferentes possibilidades.
É importante destacar que os devaneios não se tornem prejudiciais ou interferindo na atenção, na memória, no desempenho ou na satisfação com a realidade. Nesse caso, pode ser necessário buscar ajuda profissional para compreender e resolver as causas dos devaneios. O importante é ter consciência dos seus devaneios e de seus efeitos na vida, e usar essa informação para escolher os que lhe fazem bem e evitar os que lhe fazem mal. De todo mundo devaneios são uma viagem fantástica para um mundo maravilhoso da imaginação, e aí meu caro leitor você já se parou em um devaneio?
Links:
What is daydreaming? Parts of the brain show sleep-like activity when your mind wanders
https://theconversation.com/what-is-daydreaming-parts-of-the-brain-show-sleep-like-activity-when-your-mind-wanders-163642
Brain's Problem-solving Function At Work When We Daydream https://www.sciencedaily.com/releases/2009/05/090511180702.htm
Your Mind Wanders Because Your Brain Whispers https://neurosciencenews.com/daydreaming-memory-hippocampus-21669/
Creative Types Reserve a Special Corner of the Brain for Dreaming Big https://www.scientificamerican.com/article/creative-types-reserve-a-special-corner-of-the-brain-for-dreaming-big/
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