O Romantismo...

 Les étoiles s’allument au ciel, et la brise du soir erre doucement parmi les fleurs: rêvez, chantez et soupirez.
GEORGE SAND

Era de noite: — dormias,
Do sonho nas melodias,
Ao fresco da viração,
Embalada na falua,
Ao frio clarão da lua,
Aos ais do meu coração!
Ah! que véu de palidez
Da langue face na tez!
Como teus seios revoltos
Te palpitavam sonhando!
Como eu cismava beijando
Teus negros cabelos soltos!
Sonhavas? — eu não dormia;
A minh’alma se embebia
Em tua alma pensativa!
E tremias, bela amante,
A meus beijos, semelhante
Às folhas da sensitivas!
E que noite! que luar!
E que ardentias no mar!
E que perfumes no vento!
Que vida que se bebia
Na noite que parecia
Suspirar de sentimento!
Minha rola, ó minha flor,
Ó madresilva de amor,
Como eras saudosa então!
Como pálida sorrias
E no meu peito dormias
Aos ais do meu coração!
E que noite! que luar!
Como a brisa a soluçar
Se desmaiava de amor!
Como toda evaporava
Perfumes que respirava
Nas laranjeiras em flor!
Suspiravas? que suspiro!
Ai que ainda me deliro
Entrevendo a imagem tua
Ao fresco da viração,
Aos ais do meu coração,
Embalada na falua!
Como virgem que desmaia,
Dormia a onda na praia!
Tua alma de sonhos cheia
Era tão pura, dormente,
Como a vaga transparente
Sobre seu leito de areia!
Era de noite — dormias,
Do sonho nas melodias,
Ao fresco da viração;
Embalada na falua,
Ao frio clarão da lua,
Aos ais do meu coração

 Lira dos Vinte Anos, de Álvares de Azevedo

 

Era segunda-feira à noite, e eu estava indo para aula de cursinho, que definitivamente era um desafio para poder encarar o vestibular. Eu tendo que me dedicar a todas as matérias para fazer a prova e tirar uma nota satisfatória para ingressar em alguma universidade. Pois bem, lá pelas 19 horas estava começando a aula de literatura. Duas aulas seguidas de 48 min cada, era um desafio para manter atenção e transformar o tédio da aula em algo divertido.

As aulas de literatura eram divertidas, claro que às vezes era um tédio, ou pelo menos para mim. Eu nunca tive um interesse profundo em estudar literatura, mas assistir as aulas dos professores me dava um certo interesse. Talvez seja porque eu sempre tive professores muito bons e eles sabiam como dá interesse para o aluno, mesmo que a matéria seja um tédio total.

Os textos de literatura principalmente os românticos ou ultrarromânticos como o caso do Álvares de Azevedo em Lira dos Vinte Anos que foi bem estudado na minha época me dava uma certa curiosidade. O Romantismo foi uma das partes da literatura que eu não conseguia buscar lógica dentro dele. Eu não conseguia entender a razão dentro dos textos durante as aulas. Será que é por causa que ele não usava a lógica ou a razão? Qual é o real motivo dos autores expressarem aqueles sentimentos e emoções? Talvez seja a época em que eu estava apenas concentrado em aprender o básico para o vestibular e não procurava respostas para essas perguntas, no geral eu acreditava que essas respostas não seriam de importância para mim. Eu pensava “não vou precisar disso para minha carreira profissional”.  Mas eu tinha que estudar e também memorizar ou decorar as análises dos textos, e tentar mesmo que no mínimo compreender as respostas, poderiam ser úteis para algumas questões da prova.

Mas afinal, o eu foi o Romantismo? O Romantismo foi um movimento artístico e intelectual na Europa e na América no final do século XVIII e início do século XIX que enfatizava amplamente os valores da imaginação, espontaneidade, admiração e auto expressão emocional, em vez de equilíbrio, ordem, limitação, proporção e objetividade. Eles eram como resposta parcial aos avanços científicos e tecnológicos da época.  A palavra deriva de romance, uma forma literária na qual desejos, sonhos, desafios e aventuras idealistas triunfam sobre as realidades mundanas.

Uma análise do Romantismo sob uma perspectiva da estética e da literatura podemos observar as características formais e temáticas presentes nas obras românticas. Entre essas características, destacam-se o lirismo, a idealização do amor e da natureza, a valorização do folclore e lendas populares, e a abordagem de temas como a morte, a loucura e a angústia existencial. Podemos ver isso em autores como William Wordsworth, Samuel Taylor Coleridge, Lord Byron e Percy Bysshe Shelley, e autores brasileiros como Casimiro de Abreu,  Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias, José de Alencar, e até Machado de Assis em sua fase romântica. Os autores do Romantismo valorizavam a expressão dos sentimentos pessoais e das emoções, sendo a natureza uma fonte de inspiração para os escritores românticos, frequentemente exploravam a imaginação e a fantasia em suas obras. Sendo a principal característica a fuga da realidade através da idealização de um mundo melhor ou da criação de um universo ficcional.

Dentro da psicologia busca-se compreender os processos mentais e emocionais que levaram artistas e escritores românticos a expressarem seus pensamentos e sentimentos de forma tão intensa e livre, criando suas obras na literatura. Já dentro de uma perspectiva histórica, busca-se compreender o contexto social, político e cultural em que o Romantismo se originou e se desenvolveu. Nesse sentido, o Romantismo pode ser visto como uma reação à racionalidade e às mudanças trazidas pela Revolução Industrial.

O Romantismo vai muito além de uma simples expressão artística de imaginação, sentimentos, emoções, é uma forma de compreender o ser humano, seus pensamentos, como ele interpreta a sociedade. O estudo do Romantismo traz grandes entendimentos sobre a natureza do ser humano. Quando você entende que mesmo as matérias que aparentam ser entediantes podem ter um largo conhecimento e fica bem mais divertido de estudá-las.



Ouvindo uma música

 


Ouvir uma boa música das quais gostamos realmente aumenta bastante nossa motivação, os cientistas chama isso de liberação da endorfina, um neurotransmissor responsável pela sensação de prazer. Mas o que uma boa música pode transmitir ao nosso cérebro é muito mais que isso, vamos entender um pouco mais de seus efeitos em nosso cérebro. A música ativa diversas áreas do cérebro, como o córtex auditivo, o córtex pré-frontal e o sistema límbico, que envolvem no processamento da memória, das emoções e da recompensa. 

O córtex auditivo é uma região do cérebro localizada no lobo temporal que está envolvida no processamento da informação auditiva. É responsável por identificar e decodificar os diferentes aspectos do som, como o timbre, a altura e a intensidade, e por integrar essas informações em uma percepção coerente da música. Ele é composto por várias áreas distintas que processam diferentes características do som e se conectam com outras áreas do cérebro envolvidas na memória, na emoção e na atenção. 

O córtex pré-frontal é uma região do cérebro localizada na parte frontal do lobo frontal que está envolvida em várias funções cognitivas complexas, como o planejamento, a tomada de decisão, o raciocínio, a memória de trabalho e a regulação emocional. É uma das áreas mais desenvolvidas no cérebro humano e se conecta com outras áreas envolvidas no processamento da música, como o córtex auditivo e o sistema límbico. 

O sistema límbico é um conjunto de estruturas cerebrais que estão envolvidas no processamento das emoções e na regulação do comportamento motivado. É composto por várias áreas, incluindo o hipocampo, a amígdala, o núcleo accumbens e o córtex cingulado anterior, que se comunicam entre si e com outras áreas do cérebro envolvidas no processamento da música. A amígdala é uma região do cérebro que é responsável pelo processamento de emoções, especialmente aquelas relacionadas ao medo e à ansiedade. Quando ouvimos música, a amígdala é ativada e pode influenciar a maneira como percebemos a emoção da música. Por exemplo, se ouvimos uma música que tem uma melodia triste ou melancólica, a amígdala pode interpretar isso como uma ameaça e nos fazer sentir tristes ou ansiosos. O córtex cingulado anterior, por sua vez, está envolvido na regulação da atenção e na tomada de decisões. Quando ouvimos música, essa área do cérebro é ativada e pode influenciar nossas escolhas musicais e a maneira como percebemos e respondemos à música. Além disso, o córtex cingulado anterior também está envolvido na regulação da resposta emocional, ajudando a modular as emoções que experimentamos ao ouvir música.

Dos neurotransmissores podemos destacar a dopamina e a endorfina tendo um papel importante na experiência musical. A dopamina é um neurotransmissor que desempenha um papel fundamental no sistema de recompensa do cérebro. É liberada em resposta a estímulos agradáveis, incluindo comida, sexo e música. Estando envolvida em processos de aprendizagem e memória, e sua liberação em resposta à música pode ajudar a fortalecer as conexões neurais associadas a uma determinada peça musical. Já a endorfina é um outro neurotransmissor importante e também associado à experiência musical. É liberada pelo cérebro em resposta a estímulos dolorosos ou estressantes e pode ajudar a aliviar a dor e a promover a sensação de bem-estar e relaxamento. A música pode levar à liberação de endorfinas, o que pode explicar por que muitas pessoas relatam sentimentos de euforia e prazer ao ouvir música. Estudos mostram que a liberação de dopamina e endorfina em resposta à música pode variar dependendo do tipo de música ou da preferência musical individual. Alguns estilos musicais podem ter um efeito mais forte na liberação de neurotransmissores do que outros. Além disso, a música pode ter um efeito diferente em pessoas diferentes, dependendo de suas experiências musicais passadas e de suas características pessoais. 


Fontes:

The Effect of Music on the Human Stress Response

Effects of music tempo upon submaximal cycling performance 

Intensely pleasurable responses to music correlate with activity in brain regions implicated in reward and emotion

From perception to pleasure: Music and its neural substrates 

Effects of Musical Trainining on the Auditory Cortex in Children

Interactive effects of music and prefrontal cortex stimulation in modulating response inhibition

The Influence of Music on Prefrontal Cortex during Episodic Encoding and Retrieval of Verbal Information: A Multichannel fNIRS Study 

Music, memory and emotion

How Music Can Influence the Body: Perspectives From Current Research

Music Stimulates Emotions Through Specific Brain Circuits